O Brasil é historicamente machista. No século 19, a parcela feminina da população tinha pouco acesso à educação e aos espaços de poder, com impedimentos, inclusive, por vias legais. Entretanto, isso não inviabilizou que mulheres tomassem as rédeas de grandes processos de transformação no período, como celebra a exposição Mulheres que mudaram 200 anos, que estreia amanhã (20/1) na Caixa Cultural.
Ela mostra em detalhes a história e o legado de algumas figuras centrais para a emancipação política e intelectual do país, em referência ao bicentenário da independência, ano passado, e ao aniversário de 162 anos da Caixa, hoje. Além disso, conta com um extenso acervo multimidiático, composto por obras de arte, lambe-lambes, fotografias e vídeo-instalações.
Maria Quitéria é uma das quatro principais contempladas pela exposição. Sob uma identidade masculina, ela se alistou ao exército e lutou contra tropas portuguesas no processo de independência. No âmbito militar, se destacou e chegou a conquistar a altíssima condecoração Imperial Ordem do Cruzeiro. Outra homenageada é a intelectual Nísia Floresta, responsável pela primeira publicação feminista do Brasil: Direito das mulheres e injustiça dos homens. Completam a lista Maria Leopoldina, imperatriz do Brasil, e Maria Felipa, baiana que teria liderado o combate aos colonos no estado.
Vinte e oito retratos dessas personalidades fazem parte do acervo que foi espalhado por sete capitais brasileiras. As técnicas são variadas, de bordados a esculturas em pedra, feitas por artistas plásticas comissionadas. Em adição, outras oito mulheres, de diversos contextos sociais, contribuíram com artes para a expansão da temática.
À frente da curadoria da exposição, estão só mulheres. Marina Bortoluzzi dirigiu o processo, com apoio do trabalho historiográfico de Mary del Priore, vencedora do prêmio Jabuti. "Recontar essa narrativa por meio de uma equipe inteiramente de mulheres é fundamental para essa reparação", argumenta Marina. "Espero que a exposição possa expandir a consciência sobre os muitos apagamentos da história do Brasil", completa.
*Estagiário sob a supervisão de Severino Francisco
Mulheres que mudaram 200 anos
Exposição na Caixa Cultural, no Setor Bancário Sul Q. 4, até 16 de abril. A entrada é franca e livre para todos os públicos. Visitação de terça a domingo, das 9h às 21h.
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