Pelé

'Viva o atleta do século': como Pelé foi imortalizado também na música

Caetano Veloso, Jorge Ben Jor e Gilberto Gil foram apenas algumas das vozes que vangloriaram o Rei do Futebol, que também mostrou realeza como cantor e compositor

Que o nome de Pelé, falecido nesta quinta-feira (29/12), nunca saiu da boca de torcedores fanáticos em estádios lotados, é fato. Mas que a grandiosidade do maior jogador de todos os tempos também foi imortalizada nas canetas dos mais ilustres compositores brasileiros, na voz dos principais cantores, e que o próprio Rei do Futebol cantou ao lado de outro rei na música, pouca gente se lembra.

As homenagens começam já no início da década de 1960. Três anos após a estreia do craque na Copa do Mundo, aos 17 anos em 1958, ele ganhou o título real na música Rei Pelé, lançada em 1961 por Wilson Batista, Luiz Wanderley e Jorge de Castro: “Mamãe, me leve no Maracanã numa tarde linda de sol / Eu quero ver um rei jogar futebol”.

Aposentado da Seleção após a terceira Copa ganha, em 1970, ele recebeu agradecimento em formato de samba de gafieira de Miguel Gustavo. “Lutou e só de gol fez mais de mil / Ficou até na história do Brasil”, diz estrofe de Obrigado, Pelé, regravada por Wilson Simonal.

Em 1973 foi a vez de Gilberto Gil homenagear outro jogador, o Afonsinho, Meio de campo do Fluminense. Depois do Rei, porém, se tornou impossível vangloriar alguém no futebol sem o maior elogio de todos, mesmo quando a referência principal nem fosse o esporte, mas a luta contra a ditadura militar: “E eu não sou Pelé nem nada”, canta Gil. “Fazer um gol nessa partida não é fácil, meu irmão.”

“Quem é aquele moço com a bola no pé?”, pergunta Jackson do Pandeiro em 1974, ano em que O Rei Pelé jogou as últimas partidas pelo Santos. Segundo o cantor, a bola não deu ao “rei dos artilheiros” só dinheiro, nome e fama, mas o colocou “entre os maiores dos homens”.

Pelé se aposentou definitivamente em 1977, depois de jogar uma temporada por um time estadunidense, o Cosmos, de Nova York. Ao se despedir dos campos, inspirou o mundo inteiro, e, em especial, Caetano Veloso, com as palavras que proferiu: “Pelé disse love, love, love” e deu nome à música do álbum Muito, de 1978. Caetano também menciona o jogador na canção Two Naira Fifty Kobo, de 1982.

Em 2004, Jorge Ben consagrou a realeza: O nome do Rei é Pelé e ponto. A música passa pela história do incomparável ídolo Edson Arantes, “o atleta do século”: desde o nascimento, em que “Dondinho e Celeste idealizaram e fizeram o rei chamado Pelé”, até o “bendito milésimo gol”:

“Menino de Três Corações, Bauru, Vila Belmiro/Seguindo o seu futuro e seu destino/Com 21 anos de carreira/Veio, viu e venceu/Jogou 1375 partidas/Fazendo a rede balançar constantemente/Por 10 anos/seguidos foi o artilheiro do campeonato paulista/Participou de 50 campeonatos no Brasil e no exterior/Com a realeza de fazer 1281 gols lindos”, cantou Jorge Ben.

Pelé também é citado em músicas de Chico Buarque, Gonzaguinha, Erasmo Carlos, Paralamas do Sucesso e Palavra Cantada. Em 2020, Alcione deu espaço ao Homem dos três corações no álbum Tijolo por tijolo.

Rei da Música

Em 1969, Edson Arantes dividiu o campo com o estúdio pela primeira vez, quando foi convidado pela gravadora Phillips a gravar junto a Elis Regina. O EP Tabelinha tem duas composições de Pelé — Perdão não tem e Vexamão — e mescla as vozes do maior jogador de todos os tempos e de uma das maiores cantoras do país.

Em 1977, Pelé participou do especial de Roberto Carlos e lançou, junto a Sergio Mendes, um disco com seu nome — no qual cantou e compôs canções, como Meu mundo é uma bola e Voltando a Bauru. Ele também cantou com o grupo Trem da Alegria a música que, em 1998, virou tema de propaganda do Ministério da Educação; além de interpretar canções em apresentações beneficentes ao lado dos principais nomes da música brasileira, como Chico Buarque, Maria Bethânia, Djavan, Gal Costa, Ney Matogrosso e Renato Russo.

Em 2006, Pelé lançou o álbum Peléginga junto ao maestro Ruriá Duprat e, em 2016, deu voz à música Esperança, em homenagem aos Jogos Olímpicos do Rio. Em 2020, a música Acredita no véio, do álbum Peléginga, ganhou versões internacionais com os duos Rodrigo y Gabriela e Sofi Tukker.

 

*Estagiária sob supervisão de Pedro Ibarra

 

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