Saiba Mais
Dona de um vozeirão marcante, Liniker trouxe para álbum as participações de nomes de peso do cancioneiro nacional, como Milton Nascimento, que emprestou a voz à faixa Lalange. "De certo modo, essa música faz parte de um processo de cura da minha criança interior e ter a voz de Milton Nascimento ali foi como olhar para a minha ancestralidade em tempo real", detalha. "Frequentemente, o sonho não é permitido para as pessoas pretas. Milton representa essa possibilidade. Eu olho para a minha criança, que é o meu passado, vejo o meu presente e olho para o futuro e, nesse fluxo, Milton é a minha seta".
Além de Milton Nascimento, o álbum tem a participação de outros artistas que dialogam com os sons da paulista de Araraquara, como Tássia Reis, Orkestra Rumpilezz, formação baiana que mistura sons de matriz africana com jazz e Orquestra Jazz Sinfônica.
Indigo Borboleta Anil chega depois de Goela Abaixo, último álbum da cantora gravado com o grupo Liniker e os Caramelows, trabalho que apresenta o requinte de costume da cantora e que também teve indicações no Grammy Latino. Mas ela reforça que o show da turnê tem foco no Indigo. "Uma música ou outra dos trabalhos anteriores podem aparecer, mas sempre em uma perspectiva ou leitura Indigo".
Saiba Mais
O intimismo de Liniker se manifesta de maneira ainda mais intensa no projeto mais recente. "A minha arte vem de um lugar muito pessoal. Acredito que com Indigo Borboleta Anil isso ficou ainda mais forte, já que foi um disco que fiz para mim e que estive à frente da produção junto a Gustavo Ruiz e Julio Fejuca. Com esse trabalho, pude ir na direção que eu queria, sem interferências e isso é perceptível no resultado final", declara. "Nos discos anteriores, eu compunha em uma perspectiva de uma Liniker mais platônica. No Indigo, eu trouxe uma escrita sobre as verdades minhas".
A cantora levou o seu trabalho para o Palco Sunset do Rock in Rio 2022. Às milhares de pessoas presentes para prestigiar a apresentação, Liniker declarou que aquele show seria "sobre ser excelente". "Essa turnê tem sido um processo de fincar os pés. Eu tenho orgulho do que tem sido construído e tenho conseguido externalizar a ideia de que 'eu posso, eu quero'. E o Rock in Rio foi essa excelência que falei ali no palco. Foi uma forma bem evidente de ser do meu tamanho."
Sobre a apresentação na capital da República, Liniker diz estar ansiosa para o encontro com o público brasiliense. "A ansiedade é enorme e, a cada lugar que subo ao palco com esse repertório, tenho uma experiência única. A troca com o público tem sido linda. Então quero convidar a todes para comparecerem a esse encontro."
Saiba Mais
Dramaturgia
Em setembro, estreou a segunda temporada de Manhãs de setembro, série do Prime Video na qual Liniker incorpora a protagonista Cassandra, uma mulher trans que, como ela, sai em busca do seu sonho de viver do canto. Apesar do seu reconhecimento ter vindo primeiramente da música, Liniker garante que suas habilidades nas artes cênicas nunca foram anuladas. Ela tem formação em artes cênicas pela Escola Livre de Teatro, no ABC Paulista.
"Eu me enxergo como uma multiartista e vejo a possibilidade de manifestar a minha arte por diferentes meios, seja em séries, no cinema ou nos shows e nos discos. Manhãs de setembro é um presente para mim e estou aberta para projetos em que eu possa transbordar a minha arte", esclarece.