STREAMING

Equidade social é tema de 'Um homem de ação', lançamento da Netflix

"Um homem de ação', da Netflix, traz a história de Lucio Urtubia, operário espanhol empenhado em ações de equidade social

Ricardo Daehn
postado em 20/12/2022 00:01 / atualizado em 20/12/2022 11:08
Juan José Ballesta vive um revolucionário anarquista, em Um homem de ação -  (crédito:  Netflix/Divulgacao)
Juan José Ballesta vive um revolucionário anarquista, em Um homem de ação - (crédito: Netflix/Divulgacao)

Quando se projetam as bases do pensamento anarquista — com visão de uma sociedade colaborativa e desligada de traços hierárquicos e conchavos políticos —, nomes como Proudhon, Piotr Kropotkin e Emma Goldman se revelam inevitáveis. Diretor de Um homem de ação, um dos recentes destaques na plataforma Netflix, Javier Ruiz Caldera desvia um tanto dessa rota conceitual, e traz para o primeiro plano um nome de efetiva ação, ao longo de décadas, no cenário espanhol: Lucio Urtubia, um operário empenhado em equidade social.

Com uma trama que alcança França, Bolívia, Espanha e Estados Unidos, Um homem de ação trata de explorar um conceito diferenciado entre roubo e o patamar de expropriação (a destituição de propriedade). Por muitos, visto como uma espécie de Robin Hood, Urtubia, no filme, engatinha em conceitos anárquicos que passa a defender, ao longo do enredo, que atravessa 30 anos, e dá muito trabalho ao montador do filme Alberto de Toro.

Depois de tratar de experimentos nazistas, na ala da mais pura ficção, em Valley of the dead (2020), e explorar comédias ligadas a casamentos e a jocoso super-herói, o diretor Javier Ruiz Caldera convence, na nova produção, com uma esmerada reconstituição e a presença de um ator carismático, Juan José Ballesta, na pele do protagonista. O encontro do operário com o emblemático guerrilheiro urbano Quico Sabaté (Miki Esparbé) muda por completo o destino do jovem que, num primeiro assalto a banco, se urina de desespero.

Davi e Golias 

Curioso que uma das coprodutoras do longa, junto a Netflix, seja batizada como A pulga e o elefante, justo uma ilustração (comparativa a Davi e Golias) descrita no roteiro da produção. Uma chuva de milhões de dólares, circulados entre 1980 e 1982, desestabilizou o poderoso First National City Bank, com sede do outro lado do oceano, pela ação de Urtubia, e o grupo de apoio de suas ousadas falsificações — numa gráfica que difundiu travelers checks ilegais, em operação desastrosa para os gigantes do mercado, numa era pré cartões de crédito e de meios monetários virtuais. Junto a Urtubia (morto em julho de 2020), atuavam entre outros Asturiano (Luis Callejo) e Petite Jeanne (Monica Lamberti).

A lacuna nas evidências e provas que pesem contra o protagonista trazem um bom jogo de gato e rato desenvolvido a partir da atuação do inspetor Costello (Alexandre Blazy), com relevância na trama. Até Che Guevara, numa viagem a caminho da União Soviética, comparece no roteiro, numa inesperada investida do protagonista que, entre outras dores, acolhe ainda a tumultuosa relação com a estudante de biologia Anne (Liah O´Prey).

 


Notícias pelo celular

Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.


Dê a sua opinião

O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação