Cinema

Crítica: novo 'Avatar' é tão visionário quanto o primeiro foi em 2009

Após 13 anos do primeiro longa, o diretor James Cameron conseguiu extrair o sumo o sumo da ação ao retornar ao universo fantástico de Avatar

Ricardo Daehn
postado em 17/12/2022 00:01 / atualizado em 17/12/2022 18:30
A integração familiar é um dos tópicos na trama da saga Avatar -  (crédito: Fotos: 20th Century Studios/Divulgação)
A integração familiar é um dos tópicos na trama da saga Avatar - (crédito: Fotos: 20th Century Studios/Divulgação)

Visionário, com o primeiro filme Avatar situado em 2154, o diretor James Cameron extraiu o sumo da ação, com o clã Omaticaya, formado por habitantes de Pandora, duelando com o chamado "povo do céu" (os humanos). Habitantes nativos do sistema estelar, os Na´vi, nesta continuação, num sistema aos moldes tribais, seguem estancando malfeitos do rastro de forasteiros em busca de novos lugares para a sobrevivência humana.

Ritual, memórias e a abordagem ecológica prosseguem na nova trama que, literalmente, avança em elementos, com a densa exploração da água, já que o clã reconhecido pelo público se verá dependente do grupo Metkayina, familiarizado com o extremo da vida marinha.

Ao lado de Tonowari, Ronal e Aonung, novos personagens, Jake Sully (Sam Worthington) divide o protagonismo com Neytiri (Zoë Saldaña), tendo por mantra a ideia de que "um pai protege" a prole. A partir de uma textura inédita de imagens em 3D, a representação da felicidade se esparrama entre os filhos de Sully: com movimentos sorrateiros e lúdicos, o primogênito Neteyam (Jamie Flatters) se entrosa com Lo´ak (Britain Dalton), algo inseguro, que cultiva o amor fraternal com Kiri (Sigourney Weaver) e a pequena Tuk (Trinity Jo-Li Bliss).

Agregado à família, Spider (Javier Socorro) reforça a empatia da lida com os azulados personagens. A harmonia e o equilíbrio da biosfera transbordam nas imagens criadas pelo mesmo diretor de Titanic (1997). Quase pleonasmo dizer que Cameron nada de braçada nas tensas cenas de ação marinha. Até no quebra-quebra e nas de caçada — com uma sequência em que um braço é decepado, em 3D — o desencadeamento é explosivo.

Nas atitudes, no linguajar, nos flertes juvenis e até no exercício do bullying, a jovem geração de avatares facilita a identificação com o público. Vale ressaltar que o fundamento de todo o longa se estabelece nos laços familiares.

Exemplo disso está no calibre da moedas de troca, numa disputa de personagens: "Um filho por um filho". Mesmo nas cenas da caça aos tulkuns (espécies de baleias gigantes), as presas não desgrudam dos filhotes. Neytiri é outra que crava a representação da maternidade em outro patamar, quando fica siderada, ao ver os rebentos ameaçados, e "decide entrar de vez naquela dança" da batalha corpo a corpo. Os pontos emocionais dos Na'vi culminam no filme que aprofunda a expressões faciais dos avatares.

Do lado mais desumano, com intensa violência propagada, figuram ações de vilões como a general Ardmore (Edie Falco) e o coronel Miles Quaritch (Stephen Lang), outro que não foge de ter o destino atrelado à paternidade. Para além do conceito da "família como fortaleza", quase ideológico no filme, Avatar: O caminho da água se vale da integração (seja dos ilu, seres alados e marinhos; da prática do autoconhecimento e da conexão com a Árvore dos Espíritos).

Producente em mostrar o comedimento no uso dos recursos naturais, o filme ainda causa deslumbramento nas alianças entre Payakan (um tulkun ferido) e Lo´ak e na propagação do cumprimento, inspirado em povos africanos, "Eu vejo você", nas aldeias de Avatar.

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