O cineasta mexicano Guillermo del Toro lançou nesta sexta-feira, 25, um apelo pela exibição de sua mais recente obra, "Pinóquio", nas salas de cinema de seu país, e denunciou "a destruição sistemática do cinema mexicano".
A produtora PimientaFilms "está procurando salas independentes" em três estados para exibir o filme, disse Del Toro em sua conta no Twitter, ao falar da deserção da Cinemax, uma grande distribuidora.
A Cinemax teria desistido da distribuição de Pinóquio, segundo revistas especializadas, porque o filme só teria duas semanas de exclusividade no cinema, a partir de 24 de novembro, antes de ser incluído no catálogo da Netflix. Aqui no Brasil a estreia na plataforma será em 9 de dezembro.
Del Toro afirmou que o que está acontecendo no cinema mexicano é "sem precedentes". "A destruição sistemática do cinema mexicano e suas instituições - que levou décadas para ser construída - tem sido brutal", tuitou.
O diretor compartilhou o comunicado da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas do México (Amacc), em que anuncia o adiamento do prêmio Ariel 2023 (equivalente ao Oscar americano) "até novo aviso" devido a uma "grave crise financeira".
"O Estado, que durante muito tempo foi o motor e o suporte da Academia, renunciou à sua responsabilidade como principal promotor e divulgador da cultura em geral e do cinema em particular", declarou a Amacc.
Outros setores culturais também reclamaram dos cortes orçamentários do governo nacionalista de esquerda liderado pelo presidente Andrés Manuel López Obrador, que assumiu o poder no final de 2018.
Ao mesmo tempo, a gestão AMLO, como é conhecido o presidente, pretende promover a cultura das comunidades indígenas.
"Não se trata de negar a expressão artística de ninguém. Todos podem coexistir. Mas todos têm o mesmo nível. Não existe uma arte erudita e uma arte popular, desprezada", disse na semana passada à AFP Jesús Ramírez, porta-voz de AMLO, em meio a quatro dias de desfiles de artesãos indígenas na Cidade do México.