O cantor e ator sino-canadense Kris Wu, uma grande estrela da China, foi condenado a 13 anos de prisão e à expulsão do território por estupro e libertinagem – anunciou um tribunal chinês nesta sexta-feira (25).
O caso provocou um grande escândalo no gigante asiático, onde as estrelas costumam ter uma imagem irretocável, e permitiu expor a vida privada – às vezes problemática – de certas personalidades.
O artista, de 32 anos, foi condenado a "11 anos e seis meses de prisão por estupro, assim como à expulsão do território", declarou o Tribunal Popular Distrital de Chaoyang, em Pequim, que julgou o caso.
Wu recebeu uma pena complementar de prisão de "um ano e dez meses por libertinagem sexual coletiva", acrescentou a mesma fonte.
As duas penas acumuladas totalizam quase 13 anos de prisão.
"De novembro a dezembro de 2020, o acusado forçou três mulheres a terem relações sexuais com ele em seu domicílio, aproveitando-se do fato de estarem embriagadas e não saberem como contê-lo, ou mesmo de não estarem em condições de fazê-lo", destacou o tribunal.
O ator e cantor também foi condenado a pagar, em um caso separado de evasão fiscal, 600 milhões de iuanes (cerca de US$ 80 milhões), anunciou a agência oficial de notícias Xinhua nesta sexta, citando as autoridades fiscais de Pequim.
Ele foi acusado de declarar rendimentos muito inferiores aos que realmente ganhava.
Ameaça de estabilidade e poder do regime chinês
Canadense de ascendência chinesa, Kris Wu ficou conhecido na China como membro do grupo sino-sul-coreano EXO. Ele deixou a banda em 2014 para embarcar em uma carreira solo como ator, cantor e modelo.
No ano passado, foi acusado de estupro por uma estudante chinesa de 19 anos, quando ela tinha 17 anos. Após o escândalo, marcas de luxo, como Louis Vuitton, Bulgari, L'Oréal e Porsche, das quais era embaixador, suspenderam a parceria com o cantor.
Outras vítimas apareceram posteriormente, acusando a equipe de Wu de comportamento predatório, que incluía convites para festas de karaokê organizadas com esse objetivo.
Essas acusações fortaleceram o movimento #Metoo na China, deflagrado em 2018, quando várias mulheres ergueram a voz para denunciar situações de assédio e violência sexual. Desde então, a tendência se estagnou.
Para evitar manifestações, os censores que controlam a Internet bloquearam rapidamente "hashtags" e palavras-chave referentes a casos de assédio sexual nas redes sociais.