Mudanças e deslocamentos soam à necessidade para a diretora de cinema Clarissa Campolina, que chega à disputa por troféus Candango, na 55ª edição do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, com o longa Canção ao longe, a ser mostrado nesta sexta (18/11). O filme mineiro traz o impulso que acompanha Clarissa, atenta às surpresas do mundo e aos acontecimentos que a cercam. "No longa, abordo um drama familiar, e Jimena (a personagem principal) está em um processo de reconhecer quem ela quer ser, como ela deseja viver. Isso é natural para todo jovem. Muitas vezes, esse processo chega até mesmo depois de nos tornarmos adultos", avalia a cineasta.
O desejo de descobrir o mundo e a si mesmo nunca termina, ainda que se alterem meios de chegada a este interesse contínuo, no que observa a realizadora mineira. "Meus trabalhos, de maneira geral, trazem a transformação como um tema. A mudança sempre me cativou e acredito que envelhecer não diminuiu esse interesse, talvez tenha ativado o desejo de pensar mais sobre isso e de maneiras distintas", avalia a codiretora de longas como Girimunho e Enquanto estamos aqui. Jimena (Monica Maria) abraça uma forma de viver nada rígida, em Canção ao longe, que traz roteiro coescrito por Campolina, Caetano Gotardo e Sara Pinheiro.
Paula Santos, que também assina assistência de direção, preparação de elenco e a escrita das cartas (apresentadas no filme), foi parceira de Clarissa na busca por atores. "Conversamos com algumas pessoas, demos o roteiro para elas lerem e depois tratamos do filme. Nesse processo, percebemos que a leitura da Mônica Maria era muito diferente da forma que concebíamos a personagem, ela descrevia a protagonista de maneira inusitada e isso chamou a atenção", observa a cineasta.
Os questionamento da forma de olhar para o mundo levaram Clarissa a apostar em codireções, nos primeiros longas. Gerido em concepção mais íntima, natural que Canção ao longe exigisse uma visão singular da realizadora. Na trilha individual, pesou o aprendizado junto ao extinto coletivo A Teia. "Atualmente, sou sócia (ao lado de Luana Melgaço e de Marília Rocha) da Anavilhana, empresa que produz meus filmes, e que existe há 18 anos", diz, em torno do processo de criação. Canção ao longe foi financiado pelo Fundo Setorial do Audiovisual, Filme Minas e Codemge, ao custo de R$ 2 milhões.