Um dos principais nomes do hip-hop do país nos últimos anos, BK' lançou nesta quinta-feira (17/11) o quarto álbum da carreira. Intitulado Icarus, o trabalho sucede o EP Cidade do pecado lançado em 2021 e mostra um lado diferente do rapper carioca que surgiu nas batalhas de rima em um circuito fora dos meios de grande divulgação ganhando relevância nacional com um estilo muito próprio de fazer música.
Com 13 faixas, pouco mais de 40 minutos e participações especiais de Marina Sena, L7nnon, Julia Mestre entre outros. O disco é marcante por mostrar uma faceta de BK’ que conversa com um público muito mais amplo. “Acho que nesse álbum eu encontrei o equilíbrio entre o mercadológico e o underground. Eu encontrei o que eu acho legal de um rapper comercial”, conta o artista em entrevista ao Correio. “Acho que é um disco que conversa com o público que me acompanha há bastante tempo e quem só vai conhecer o BK’ nesse trabalho”, adiciona.
O rapper assume que não consome tanto do ambiente popular em relação a música, tendo se posicionado durante a carreira como um artista underground que aos poucos furava a bolha. Porém, ele encontrou no novo lançamento a oportunidade de sair do que chamou de “um tipo de zona de conforto”. “Não acho que eu tenha abandonado o underground, mas no momento não fazia tanto sentido bater nessa tecla de novo ou mostrar algo só para esse lugar”, pontua. “Eu tinha que realmente procurar alçar voos mais altos, por toda a minha equipe e todo mundo que trabalha comigo há tantos anos”, complementa.
Nessa ideia dos voos, ele chegou na metáfora que dá nome ao álbum, Icarus. Um homem que vivia dentro de um labirinto, mas que ganha de presente do pai um par de asas para fugir. Contudo, quando consegue voar, é tomado pela soberba e chega perto demais do sol, as asas derretem e ele cai. “A gente esquece, mas o pai de Ícaro faz as asas para ele voar e sair do labirinto. O disco toca nisso, eu aprendendo a voar. Às vezes chegando perto do sol e derretendo, às vezes subindo pouco demais e batendo de cara, ou até errando o cálculo e caindo no mar. São diversas formas de fugir do labirinto”, explica o artista.
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BK’ mostra que para além de fazer o que ama está disposto a errar e acertar. “Quando eu lancei Castelos e ruínas (2016) eu tinha dois caminhos para seguir depois. Eu podia determinar que a minha carreira seria naquela linha, com trabalhos parecidos com aquele, ou tentar experimentar e fazer outras coisas”, lembra. Porém, desbravar o novo sempre foi a primeira opção do rapper. “Eu curto dessa forma, o rap me dá possibilidade de tentar fazer coisas diferentes”
O músico encontra em Icarus a chance de chegar perto do Sol. Em menos de 24 horas, artista viu o novo álbum acumular mais de 2 milhões de reproduções, mostrando que talvez ele tenha encontrado o equilíbrio que previu. “Cada trabalho é um passo e vai ter um efeito e um objetivo. No Icarus a ideia é fazer esse projeto, que é o BK’ e a equipe que me acompanha, crescer e expandir. Isso tudo para além de um conceito e todo amor que investimos para fazê-lo”, comenta o artista que não sabe se saiu do labirinto, mas se diz disposto a enfrentar o que vier. Afinal, “quem não é visto não é lembrado”, segundo ele.
A arte do rap
Além do disco, BK’ também idealizou — com o auxílio da equipe — uma exposição de realidade aumentada no Museu de Arte do Rio (MAR). O artista carioca Nikolas Demurtas fez uma releitura do quadro O voo de Ícaro, pintada por Jacob Peter Gowy, a peça também é uma ativação, visto que apontando celular para ela é possível explorar detalhes e ouvir as faixas do novo álbum do rapper, também protagonista da obra. A peça exclusiva ficou exposta até este sábado (19/11).
O rapper leva o próprio disco ao museu em uma mistura que é e do que acredita. “Sempre foi parte do lifestyle da minha galera curtir esse tipo de proposta, sempre frequentamos o CCBB o MAR. A gente achava legal”, conta BK’. O cantor recorda que a ideia veio de uma conversa com o amigo e artista Maxwell Alexandre, responsável pela capa do álbum Gigantes, lançado pelo músico em 2018. “Conversando com o Maxwell, ele me falou: ‘BK’ a arte é para todo mundo, quem cria as paradas mais incríveis da atualidade são do nosso meio, são os pretos que estão mudando o jogo’”, parafraseia.
Dessa faísca surgiu a vontade fazer a exposição para responder uma questão: “Por que não fazer a galera acessar as coisas que eles têm a capacidade de criar?”. “O branco não tem acesso negado a lugar nenhum, mesmo na cultura preta ou indígena, ele sempre consegue. Por que os minorizados não podem ter esse acesso também?”, pergunta BK’. Ele avalia que a falta de espaço para a população negra e marginalizada em lugares como os museus, faz com que essa arte não seja tão popular entre estes grupos. “Neste âmbito de arte mais ‘elitizada’, não é convidativo para o preto e periférico. Só que a nossa galera só vai saber se vai gostar ou não, quando tiver acesso”, completa.
Por isso, o artista agradece ao MAR, não só por topar a empreitada, como por propor formas de trazer o público que se assemelha ao rapper para dentro do Museu. “É preciso parar de vender que arte não é algo para pretos e favelados, ou que não faz sentido para eles”, clama o rapper. “Vamos tentar deixar o acesso mais democrático e cada um vai ver o que faz e não faz sentido para si próprio”, conclui.
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