55° Festival de Brasília do Cinema Brasileiro (FBCB)

Festival de Cinema de Brasília tem noite de críticas e homenagens

Longa mandato volta a 2014 para falar muito sobre o Brasil de Bolsonaro, Curtas Escasso e São Marino, falam respectivamente sobre alienação de mídias e transmasculinidade

Lara Oliveira*
postado em 18/11/2022 00:12 / atualizado em 18/11/2022 14:12
 (crédito: Isabela Berrogain/CB/DA PRESS)
(crédito: Isabela Berrogain/CB/DA PRESS)

Na noite desta quinta-feira (17/11), a telona do Cine Brasília recebeu o longa metragem Mandado, sob direção do brasiliense João Paulo Reys e de Brenda Melo Moraes. O documentário, apresentado na Mostra Competitiva do 55° Festival de Brasília do Cinema Brasileiro (FBCB), aborda a invasão indevida de casas no Complexo da Maré, no Rio de Janeiro, e conta com entrevista exclusivas com figuras marcantes da região, como o poeta Bira Carvalho e a vereadora Marielle Franco, brutamente assassinada em março de 2018.

O título da obra vem do mandado de busca autorizado em 2014, após a Copa do Mundo do Brasil, que autorizou a polícia a entrar em casas localizadas em duas favelas do Complexo da Maré. Baseado em uma pesquisa, o longa é envolto em um tom crítico contra a radicalização do sistema penal brasileiro e o luto das vítimas. A sessão e o filme foram dedicados aos entrevistados que morreram antes de poder assistí-lo completo.

"O longa é uma crítica ao autoritarismo, foi algo que aconteceu de forma ilegal (as operações da policia no Complexo da Maré). O caso foi em um governo do PT (de Dilma Rousseff), mas vimos novamente acontecer no atual governo, do presidente Jair Bolsonaro. O atual governo seguiu essa linha do tempo que quisemos retratar, com os mandado e perseguições nas favela" explica João Paulo Reys, codiretor da produção.

Curtas apresentados

Além do longa, a noite desta quinta-feira contou com a exibição de dois curta-metragem.

De forma satírica, o curta Escasso, dirigido por Clara Anastácia e Gabriela Gaia Meirelles, apresenta Rose, uma cuidadora de animais domésticos, nascida na favela, negra e que realiza o sonho da casa própria (mesmo que seja a casa de outra pessoa). E ela convida documentaristas para contar como é essa nova vida que tem vivido desde que ocupou uma casa vazia.

Por meio de uma entrevista fictícia são feitas críticas sobre política, influência midiática em um tempo de pandemia em que não se podia sair de casa.

Ao Correio Braziliense, a diretora do curta, Gabriela Gaia Meirelles diz que a temática se mostra mais relevante na atualidade. "Essa é a perspectiva do Escasso, é contar essa história de uma mulher que encontrou refúgio na casa de outra pessoa, ela sabia que se saísse dali tinha um risco de morrer, e a gente traz essa pegada mais comédia para mostrar isso. Afinal, estávamos em um período dramático do nosso país, e queríamos trazer algo diferente. Foi uma resposta de vida num momento de morte", pontua.

Durante o discurso antes da exibição dos filmes da mostra, a diretora Leide Jacob, responsável pelo curta São Marino, também exibido nesta quinta-feira, explicou a obra. "É um grito para todos aqueles que são invisibilizados no mundo. Trago um personagem que foi invisibilizado por ser transexual, mas a mensagem é para todos que são invisíveis para o mundo", disse. 

O Festival

O 55° Festival de Brasília do Cinema Brasileiro (FBCB) teve inicio no dia 14 de novembro e seguirá até o dia 20 de novembro, e conta com apresentação da atriz Bárbara Colen.

A edição de 2022 do evento, traz um foco para no retorno às atividades e às exibições presenciais. No intuito de trabalhar por uma reconstrução de políticas públicas do audiovisual brasiliense. A direção artística desta edição é assinada pela produtora Sara Rocha.

Colaboraram Isabela Berrogain e Pedro Ibarra

Notícias pelo celular

Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.


Dê a sua opinião

O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação