Cinema

Filme inédito de Jorge Bodanzky está na programação do Festival de Cinema

Diretor formado pela UnB, Jorge Bodanzky é um dos grandes homenageados pelo Festival de Brasília do Cinema Brasileiro. 'Amazônia, a nova Minamata', filme inédito na cidade, terá projeção no evento

Ricardo Daehn
postado em 18/11/2022 11:22 / atualizado em 18/11/2022 11:22
 (crédito: Júnior Aragão/Divulgação)
(crédito: Júnior Aragão/Divulgação)

Em termos de cinema nacional, um dos maiores focos de interesse do veterano cineasta Jorge Bodanzky, personalidade homenageada no Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, diz respeito aos índios. Aos quase 80 anos, Bodanzky não fala de sua produção em especial, ainda que, na sessão das 14h desta sexta-feira (18/11, no Cine Brasília, EQS 106/107), um filme inédito dele na capital (Amazônia, a nova Minamata), sobre o tema, esteja em destaque. "Já existe uma segunda geração de diretores indígenas, que trazem uma produção muito grande e interessante. Eles não precisam mais de um branco interpretando a realidade deles. Rica e original, a produção dificilmente fica de fora dos circuitos de festivais", observa Bodanzky.

Amazônia, a nova Minamata, exibido, antes, na Mostra de São Paulo, trata da questão do envenenamento dos rios da Amazônia, por mercúrio. O povo Munduruku revela a contaminação, diante da atuação de garimpeiros. Bodanzky demarca a importância do projeto Vídeo nas Aldeias (implantado pelo colega Vincent Carelli, há 20 anos). Ele começou a capacitá-los para operar vídeos, hoje feitos de modo dinâmico, com uso de celulares. Há coletivos que produzem não para fora, mas circulação, entre eles, nas aldeias", celebra o autor (em parceria com Orlando Senna) do clássico Iracema — Uma transa Amazônica (1976), premiado no Festival da capital. "O filme estava censurado quando exibido pela primeira vez no evento, e foi liberado (da censura), em seguida", relembra.

"Tudo isso aqui (o festival) tem maior importância para mim, porque em 1964, entrei na Universidade de Brasília e fui aluno do curso de apreciação cinematográfica de Paulo Emílio Sales Gomes, fundador do festival de cinema. Em 1965, nas aulas de Paulo Emílio, eu tomei a decisão de fazer cinema. Meu cinema nasceu praticamente junto com o festival com o qual tenho uma longa história", pontua o homenageado.

Recentemente, Bodanzky fez um documentário (Utopia distopia) autobiográfico, sobre a passagem dele pela Universidade de Brasília, quando ainda transcorria o projeto original, de 1964, da universidade, que comemorou ter visto projetado, na realização de "um grande sonho". O diretor também mostrou Brasília em super 8, feito nos anos de 70 super, com imagens da cidade. "Foram imagens brutas, não editadas, como se fosse uma viagem e a trilha sonora foi elaborada pelo músico português David Maranha. A homenagem toca personalidades como Luiz Humberto, Athos Bulcão, Amélia Toeldo e Heinz Forthmann.

Um novo horizonte para as questões indígenas é fator de percepção de Bodanzky, quando analisa o futuro do governo Lula. "Evidentemente, com a chegada do governo Lula, a gente tem um certo ânimo devolvido. Antes, foram perdidas todas as possibilidades de orçamento e muito foi desmontado, falo dos aparelhos de cultura que a promoviam. É uma esperança que se volte a ser realizado."

Notícias pelo celular

Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.


Dê a sua opinião

O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação