Quando Ralph Gehre recebeu o convite de Dalton Camargos para uma exposição que desse início às comemorações dos 10 anos da Alfinete Galeria, ele não hesitou. A oportunidade era perfeita para fazer algo que planejava há um tempo: reunir, em uma única exposição, um conjunto de trabalhos relativamente recentes que haviam sido mostrados apenas de forma fragmentada. "Foi uma alegria receber esse convite agora", conta o artista, que chegou a mostrar parte das obras em uma coletiva em São Paulo.
Ralph Gehre, pintura recente em cartaz na Alfinete, e reúne 30 obras divididas em três grupos. Um primeiro, e considerado o principal pelo artista, data deste ano e é uma espécie de etapa final de um processo iniciado entre 2015 e 2019. O segundo grupo é a fase intermediária desse processo. São pinturas que Gehre chama de "pobrinhas", feitas a seco, ou seja, sem tinta. Podem ser encaradas como colagens ou sobreposições de envelopes, mas o artista tem uma definição própria: "São ajuntamentos de coisas no pensamento de pintura. Para mim, são pinturas tanto quanto as outras".
No terceiro grupo entraram as referências do início do processo que gerou a exposição, trabalhos realizados entre 2015 e 2019. "São anteriores, mas que geram esse pensamento que agora concluo. O conjunto, para mim, é importante por isso, porque reúne um pensamento mais intenso, mais completo", explica. Linha, cor e geometria formam a base das composições de Gehre. "O pensamento é muito simples e é o que conduz meu trabalho e minha pintura: o que é a pintura, qual a natureza da pintura, onde ela está, do que é feita? Tem hora que olho alguma coisa e a sombra muda as coisas na parede e aquilo é pintura", avisa o artista.
Ele brinca que, em frente à casa na qual mora, na W3 Sul, há um posto de saúde com uma velha parede pintada em tom vermelho fogão. No meio, um retângulo azul inusitado chama a atenção. "E aquilo é tão bonito, já é tão pintura. Encontro a pintura em muitas situações e me pergunto qual a natureza dela. E são muitas as naturezas da pintura, mas uma delas certamente é o pensamento, porque, antes de tudo, ela se dá em pensamento", acredita.
A cor é um ponto importante do conjunto apresentado na Alfinete. "É o que eu persigo", garante Gehre. "Se é geométrico? Não sei. São geometrias, tem umas listinhas, pequenos relevos, mas são retratos do que eu sou. São pinturas muito brancas, de uma cor muito cavada, em que, às vezes, construo pequenas linhas e batentes de cor. São pinturas em que a cor tem um valor muito grande, embora prevaleça o branco como área do corpo", avalia o artista.
Ralph Gehre, pintura recente
Exposição de pinturas de Ralph Gehre. Visitação até 3 de dezembro, sexta e sábado, das 16h às 20h, na Alfinete Galeria.
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