Música

Britânicos do Bush lançam o nono disco 'The art of survival'

Com uma trajetória de quase 30 anos, os britânicos do Bush lançam o nono disco, The art of survival. O vocalista Gavin Rossdale conversou com o Correio sobre o novo projeto e a inspiração por trás do novo projeto

*Andrea Malcher
postado em 03/11/2022 06:00 / atualizado em 03/11/2022 06:15
 (crédito: Thomas Rabsch/Divulgação)
(crédito: Thomas Rabsch/Divulgação)

Formada em 1992, a banda Bush surgiu como uma resposta do Reino Unido à onda grunge que varreu o mundo na década de 1990, estourando nos Estados Unidos. Atualmente, a banda soma 10 milhões de discos vendidos por lá. Para se ter uma ideia, a marca representa a metade do que o Bush vendeu no mundo todo. Mas, com pouca expressão na terra natal, a banda acabou em 2002 e foi remontada em 2010.

Desde 1994, ano do primeiro disco, Sixteen stone, a ousadia é o tempero principal da música que produzem. “Para mim, você precisa se arriscar ao fazer as coisas.”, afirma o vocalista Gavin Rossdale.

The art of survival foi produzido por Erik Ron, o mesmo do disco anterior, The kingdom (um esforço muito bem recebido pela crítica especializada), e traz um Bush diferente do esperado. Para além de temas pesados e retratados nas letras e títulos das faixas, as músicas chegam mais pesadas, com guitarras como carro-chefe.

O álbum abre com a faixa Heavy is the ocean, que dá o tom do lançamento. Além das já mencionadas guitarras (e não é exagero o quanto Bush saiu do acústico para o elétrico), um tom nostálgico toma conta. Gavin Rossdale reconhece as influências das décadas de 1990 e 2000, mas garante que não foi de caso pensado. “Você tem que viver com a melhor das intenções e criar linhas e estradas em que você quer estar. Eu só estou tentando escrever o melhor álbum que eu conseguir”, explica.

Gavin classifica o projeto como “sons deste tempo”. “Vivemos tempos desafiadores. Voltar a gravar é um triunfo pessoal e, quando fazemos shows, vejo o rosto de tanta gente que passou por tanto. Então, espero que o disco seja algum registro de agora”, filosofa. “Eu acho que todo o mundo passou por tanta dificuldade, principalmente com a pandemia nos últimos dois anos. Todos temos uma história louca e superamos desafios. Perdemos tantas pessoas e estar vivo é um imenso ato de sobrevivência.”

A intenção era um álbum reflexivo e pesado e, ao longo de 12 faixas, os temas e as guitarras parecem conversar mais e mais. “O rock é, em algum nível, como munição que usamos para nos proteger. Quando canto This fuckery will be the death of us, todos entendem. Tentamos ter esses momentos universais, que toquem a todos, mas ainda de forma pessoal”

O guitarrista Chris Traynor, único da formação original do Bush além de Rossdale, é co-responsável pela cara do disco. “O bom de ser um artista com uma longa carreira é que você pode fazer música que te satisfaz e, claro, às pessoas que amam a música”, reflete Rossdale. “Não quero ser alguém que diz ‘não me importo com o que os outros pensam’, é claro que me importo, quero que todos gostem. Mas você tem que ter uma intenção clara.”

Parece exagero, mas o esforço do grupo acaba por recuperar a essência de Sixteen stones, o primeiro da banda. “Desde o último álbum (The kingdom, de 2020), chutei o balde. Estamos em sintonia, som super pesado. Estou tentando cantar as melodias com o som mais pesado e esta é a minha pequena perspectiva do som que eu quero fazer.”

Quem sabe faz ao vivo

O próximo passo é uma turnê. Devido a pandemia de covid-19, The kingdom não conseguiu ter uma excursão, portanto a expectativa para tocar o novo repertório ao vivo é grande. “Nestes últimos dois álbuns as pessoas se animaram de novo com a banda e é tão divertido. A banda amassa ao vivo, é muito forte.”

As mudanças na sonoridade foram transportadas para a performance ao vivo. “Nesse ponto da minha carreira, é legal tocar aquela música acústica, mas como um soco na cara e eu amo isso. Porque, é difícil ser surpreendente e as pessoas não esperam que o Bush consiga se reinventar ao ponto de se tornar um lutador de UFC. A banda é como um atleta de UFC”, compara.

Para a banda, que tem mais de 20 anos de estrada e nove discos na mala, o que falta ainda na carreira é explorar mais palcos pelo mundo. “Vivo dizendo que quero tocar no Brasil, já nos apresentamos aí uma vez, mas quero voltar!”

Porém, não há muito a mudar. A vontade é manter remando com a maré que os trouxe onde chegaram. “Eu gosto como estamos agora. Eu sinto que meio que somos uma banda mainstream. Somos meio que uma banda legal em atividade que lança discos e faz ótimos shows. Não posso competir com quem consegue lotar estádios, mas posso escrever músicas que empoderem as pessoas”, finaliza.


*Estagiária sob a supervisão de José Carlos Vieira

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