Na noite desta terça-feira (25/10), pelas redes sociais, Julia Naspolini veio a público informar a morte da mãe, a jornalista Susana Naspolini. A colaboradora da Rede Globo sofria com um câncer em metástase no osso da bacia, que acabou se espalhando por diversos órgãos. Nas últimas semanas, Susana ficou internada por conta da intensa quimioterapia.
Na mensagem, Julia, de 16 anos, lamentou a morte da mãe e agradeceu ao apoio. “Oi, amigos, Julia aqui. É com o coração doendo que venho contar pra vocês que a mamãe não está mais com a gente. Ela lutou muito, nossa guerreira! Agradeço muito pelas orações, muito mesmo, muito obrigada, mas infelizmente não deu".
Em setembro, Susana ficou internada por conta de uma infecção. Ainda na semana passada Julia compartilhou um vídeo detalhando sobre o estado gravíssimo da mãe. “A metástase se espalhou por vários outros órgãos, entre eles o fígado. O fígado está muito comprometido. Ele (o médico) disse que não sabem mais o que fazer, não sabem se tem mais alguma coisa pra ser feita, e o estado dela é muito grave. Eu não sei o que fazer".
Quinta batalha contra o câncer
Em março deste ano a jornalista revelou ao público que estava lutando contra o câncer pela quinta vez. Susana precisou fazer uma quimioterapia venosa, devido a gravidade da doença, que não estava regredindo com o tratamento via oral.
Em agosto deste ano, ela deu entrevista à Revista Quem, onde falou sobre enfrentar a doença mais uma vez. "O meu tratamento vai de acordo com o que o exame mostra. Meu médico está monitorando e faço PET-Scan mais ou menos a cada três ciclos, que são seis aplicações de quimioterapia. A cada três meses, dá para dizer que faço um Pet-Scan para ver como é que a doença está. Aí meu médico que determina para que lado o tratamento vai caminhar", contou ela.
Susana tinha apenas 18 anos quando recebeu o primeiro diagnóstico de câncer, um linfoma. O tratamento durou cerca de um ano, e ela teve sucesso na recuperação, que ocorreu antes mesmo do começo da carreira como jornalista.
"Fiz a cirurgia, o caroço foi para a biópsia e o resultado só ficava pronto em 15 dias. Nesse meio tempo, me mudei para o Rio, aluguei apartamento, me matriculei no Tablado [referência em cursos de improvisação e teatro no Brasil, e templo do teatro infantil, no Rio de Janeiro]. Não se falava em câncer na época. Mas o resultado saiu e era um linfoma. Foi então que meus pais descobriram o Sérgio Simon, um médico paulista muito bom, muito conhecido e fui me tratar em São Paulo. Durante todo o tratamento, vinha para o Rio uma vez por semana para fazer Tablado e voltava para São Paulo. Era uma confusão (risos)", contou sobre o primeiro câncer.
Ela relembrou também à perda de cabelo aos 18 anos. "Perdi completamente. Teve um impacto enorme na minha vida. Eu tinha 18 anos e estava diante de uma doença que ninguém falava. Hoje em dia a careca para mim é aquilo... Eu queria ficar careca? Eu estou me achando linda careca? Não, me prefiro com meu cabelo. Não queria ter perdido cabelo, lógico. Mas eu consigo entender hoje em dia que é uma coisa muito pequena perto do dom da vida, de querer viver, de querer criar minha filha. Cabelo — de coração — é o de menos para mim. Hoje sou outra Susana. E o fato de eu ter uma filha muda tudo", afirmou.
Em 2010, ela recebeu o diagnóstico de um novo câncer, um nódulo maligno na mama direita. Poucos meses depois, outro tumor, na tireoide. Como o diagnóstico ocorreu na fase inicial das doenças, Susana teve sucesso nas duas batalhas.
O quarto diagnóstico ocorreu em 2016, aos 43 anos, de um câncer de mama. "Tenho muita fé. Falo que a presença de Deus é muito real e não é só para mim, é para todo mundo. Tenho muitos momentos difíceis, de perder o sono de noite, de chorar muito, de ter medo de morrer e não poder criar minha filha, de não dar certo o tratamento. Tudo passa pela minha cabeça. Tem momentos de muito choro e medo, quase desespero. Insegurança quanto ao futuro... Por mais que eu esteja fazendo o que está ao meu alcance, chega uma hora que não tem mais o que fazer", disse à Quem, em agosto deste ano.
Durante os últimos meses, enquanto lutava contra o câncer, Susana passou a compartilhar detalhes do tratamento pelas redes sociais. "É engraçado porque eu gravo pedindo ajuda, e as mensagens que eu recebo, leio todas. Talvez não em um dia só, mas leio todas com certeza. As pessoas não têm ideia do quanto elas me dão força com uma palavra, com uma oração. Eu gravo pedindo ajuda e, se Deus permitir, querendo ajudar as pessoas também. É uma corrente, sabe? Eu acho que compartilhar a minha dor me ajuda a suportar", revelou.
Susana ficou conhecida pelo carisma na hora de informar
Nascida no dia 20 de dezembro de 1972 em Criciúma, cidade de Santa Catarina, Susana Dal Farra Naspolini Torres trabalhou no Grupo Globo desde 2002. Ela se formou em jornalismo pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e depois foi para o Rio de Janeiro, onde fez um curso de teatro no Tablado, uma das escolas de arte mais tradicionais do Brasil.
A experiência como atriz deu à jornalista um carisma que a destacou nos telejornais da Rede Globo no Rio de Janeiro — ela passou pelo RJ Móvel, RJ1, Bom Dia Rio e RJTV.
Em uma edição do RJTV de 2017, a jornalista aceitou um desafio e se vestiu de jacaré para uma reportagem sobre a construção de uma ponte no Canal das Tachas, também conhecido como Canal do Jacaré. Com a fantasia, Susana cobrou o secretário municipal de urbanismo do Rio de Janeiro pela conclusão da obra.
Em uma entrevista para o Memória Globo, da Rede Globo, Susana comentou sobre a alegria que demonstrava ao trabalhar. "É o meu jeito de trabalhar, podem ou não gostar. Sou muito feliz fazendo, me sinto em casa. No outro dia, minha filha falou: ‘Mãe, sua blusa estava toda suada’. Respondi: 'Filha, estava gravando em Bangu, meio-dia, não vai ter suor?'. Tem suor, tem o cafezinho; se eu tiver andando e tropeçar, vai entrar o tropeço; se eu sentar na calçada pra falar com alguém, vai mostrar; ah, esse ângulo tem mais sol do que o outro? Não tem problema, é ali que a gente está", disse.
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