Jean Barrault afirmou um dia que "o teatro é o primeiro soro que o homem inventou para se proteger da doença da angústia". Como forma de não viver esse mal a todo custo, a Cia. Brasilienses de Teatro traz memórias, relatos e artigos jornalísticos em um livro que marca os 20 anos de existência e a comemoração acontece no Espaço Cultural Renato Russo — 508 Sul, amanhã, das 18h às 21h30.
A obra Cia Brasilienses de Teatro 20 anos — um histórico memorável documenta uma narrativa legitimamente brasiliense. O livro também reverencia trabalhos de artistas e técnicos das artes cênicas que fazem parte da cadeia produtiva cultural da cidade.
"A intenção foi buscar privilegiar todos os profissionais envolvidos na criação de nossos espetáculos e isto nos fez trabalhar com uma edição mais abrangente. Conseguimos incluir artes publicitárias, desenhos de figurinos, planos de cenário, reportagens, fichas técnicas e muitos textos numa publicação que servirá de suporte perpetuador da memória cultural imaterial de nossa cidade", afirma James Fensterseifer, autor e organizador do livro, além de dramaturgo, diretor e tantas outras funções exercidas ao longo desses anos na linha de frente da companhia.
Um legado
A Associação Brasilienses de Teatro, entidade criada para representar a companhia em editais e burocracias que necessitavam de CNPJ, ultrapassou os limites do grupo. Contudo, algumas entidades, como o evento Jogo de Cena e grupos como a Cia. Fictícia de Teatro, não eram especificamente da companhia e, consequentemente, não foram contempladas no livro, mas o foco era que a história fosse bem documentada.
"Tentamos pensar um pouco a respeito do papel de um livro de arte impresso, nos dias de hoje. Qual sua função e como conseguiria ser relevante? Para isto, tentamos ser bem abrangentes em seu conteúdo, possibilitando tanto o manuseio rápido para aqueles que querem apenas admirar as imagens, quanto a leitura por aqueles que querem saber mais da história", reitera.
Lançamento
Fernanda Montenegro entoou que "fazer teatro é um destino", para a Cia. Brasilienses de Teatro é uma missão. Como reflexo a todos esses anos dedicados às artes cênicas, o lançamento conta com um coquetel de recepção uma pequena exposição da memorabilia preservada pela companhia: figurinos, adereços, cartazes, fotos e outros impressos.
Três perguntas para James Fensterseifer
Os 20 anos de Cia Brasilienses de Teatro tem um peso de relevância cultural bastante denso pra capital, e que inspira diversos jovens a seguir na área. Como você enxerga esse legado e o processo das companhias?
É muito difícil perceber isso quando você se dedica arduamente ao fazer. O ofício teatral, quando falamos de grupo e espetáculos, nos preenche de tal forma que nem sempre conseguimos atentar para as repercussões. Só depois de um tempo, quando digerimos os acontecimentos, é que percebemos que as pessoas que foram nosso público se identificaram tanto com o trabalho ao ponto de sair em busca por uma excelência criativa.
Em um viés pessoal, como você definiria esses 20 anos do seu trabalho dentro da companhia?
Na verdade, meu trabalho vai bem além desses vinte anos com Cia. Brasilienses de Teatro. Comecei como iluminador, em 1985, e logo passei a produzir eventos e espetáculos. A criação da Cia, em 2001, tem sua importância por ser um marco em minha busca pessoal por mais meios de expressão artística. Com ela, iniciei minha carreira de diretor e dramaturgo, experimentando e alicerçando ideias de encenação e composição teatral.
Com uma bagagem vasta no ramo do teatro, a gente compreende diversas circunstâncias diferentes da sua carreira, ainda mais com esses registros. Como você se vê agora profissionalmente, além do livro documental?
Depois de realizar muitas coisas, temos a falsa sensação de completude, que pode até ser desestimulante, e acabamos nos questionando quanto ao nosso objetivo e sobre o que vale a pena ser trabalhado. É um desafio seguir em uma verve criativa constante. Nesta época, ainda pós-pandemia, eu encontrei na escrita criativa (dramaturgia) um novo estímulo que confirmou a sensação de que a criação artística é meu verdadeiro motivador de vida. Lancei O labirinto sem fio de dédalo (2021) e o Mitos menosprezados (Vol. 1 — 2022) e já estou com o Volume dois desta coletânea mitos engatilhado.
Lançamento do livro Cia Brasilienses de Teatro 20 Anos – Um Histórico Memorável
Amanhã, às 18h, no Espaço Cultural Renato Russo, 508 Sul (Mezanino da praça central). Entrada franca. Evento livre para todas as idades.
*Estagiária sob a supervisão de José Carlos Vieira
Saiba Mais
Cobertura do Correio Braziliense
Quer ficar por dentro sobre as principais notícias do Brasil e do mundo? Siga o Correio Braziliense nas redes sociais. Estamos no Twitter, no Facebook, no Instagram, no TikTok e no YouTube. Acompanhe!