A francesa Annie Ernaux ganhou o Prêmio Nobel de Literatura de 2022 nesta quinta-feira (6/10) e tornou-se a 17ª mulher a receber a honra, e a primeira mulher francesa laureada. É uma combinação simbólica tendo em vista a temática dos romances de Ernaux, cuja escrita investiga questões de classe, gênero e representatividade. Para celebrar a escrita feminina, o Correio Braziliense elencou 10 autoras brasileiras premiadas que se destacam por retratar a luta pela igualdade e evocar a brasilidade em suas obras.
1) Aparecida Vilaça
Carioca nascida em 1958, Aparecida Vilaça é doutora em antropologia social, pelo Museu Nacional da UFRJ. Ela escreveu diversos livros acadêmicos sobre os Wari’, grupo indígena que habita o norte do estado brasileiro de Rondônia. No livro de contos Ficções amazônicas, lançado em parceria com Francisco Vilaça Gaspar, Aparecida explora o imaginário indígena e o conhecimento dos povos originários com histórias vibrantes, que desaguam em narrativas originais.
2) Karina Buhr
Compositora, atriz e poeta, Karina Buhr lançou, em 2022, o romance de estreia, Mainá. O livro conta a história da faladeira vidente Mainá, uma criança “ao mesmo tempo antiga e futurista”. Karina, nascida em 1974, em Salvador, também é autora do livro de poemas DESPERDIÇANDO RIMA.
3) Nara Vidal
Mineira e mestre em Artes e Herança Cultural pela London Met University, Nara Vidal, foi a única brasileira a ser premiada pelo Oceanos 2019, gratificação para as obras publicadas originalmente em português. Terceira colocada com o livro Sorte, seu primeiro romance, que levou seis anos para ser escrito, Nara também se destaca com outras publicações, como Eva, uma história sobre um encontro delicado e incômodo entre mães e filhas, perdas e a busca pela liberdade.
4) Isabel Lustosa
Autora de livros e artigos sobre a história política e cultural brasileira, a doutora em ciência política e sócia do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro foi pesquisadora da Fundação Casa de Rui Barbosa por trinta anos. Isabel Lustosa publicou, entre outros, Insultos impressos: A guerra dos jornalistas na Independência (2000), As trapaças da sorte: Ensaios de história política e história cultural (2004), De olho em Lampião (2011) e O jornalista que imaginou o Brasil: Tempo, vida e pensamento de Hipólito da Costa (2019).
5) Clara Drummond
Maria Clara Drummond é jornalista e escritora. Em 2013 lançou o seu primeiro livro, o romance A festa é minha e eu choro se eu quiser. Em abril deste ano publicou Os coadjuvantes, que aborda o mundo da arte, o Brasil dos privilégios e uma geração perversamente obcecada por imagem e virtude.
Jornalista e escritora, Marilene também é reconhecida por atuar como tradutora. Ela é ganhadora do prêmio de melhor romance inédito da União Brasileira de Escritores (1982), traduzido para o inglês, o francês, o holandês e o catalão. Tem outros romances publicados, assim como coletâneas de contos e ensaios diversos, entre eles Sinfonia de contos de infância, O lago encantado de grongonzo e Mulheres feitas.
A escritora é mestre em teoria literária pela USP e, em 2019, publicou a história em quadrinho Viagem em volta de uma ervilha, em parceria com Debora Salles, As vinte mil léguas de Charles Darwin, e assinou a coluna Léxico, do jornal digital Nexo, entre os anos de 2017 e 2019. Em A história invisível, o leitor acompanha uma história lúdica guiada pela personagem Sofia, que, após desejar tornar-se invisível no seu aniversário de 7 anos, se vê livre para explorar os lugares mágicos do mundo. A publicação é a estreia da autora na ficção.
8) Eliana Alves Cruz
Chefe do Departamento de Imprensa da Confederação Brasileira de Esportes Aquáticos e vice-presidente do Comitê de Mídia da Federação Internacional de Natação – FINA, Eliana Alves Cruz também se destaca pela sua produção literária, com livros como o romance Água de barrela, resultado de cinco anos de pesquisa sobre a história de sua família, desde os tempos da escravidão. A publicação foi contemplada em primeiro lugar no Prêmio Oliveira Silveira 2015, concurso promovido pela Fundação Cultural Palmares. Lançado em 2022, o livro Solitária aborda a história de duas mulheres negras, Eunice e Mabel, mãe e filha que moram na casa na qual a mãe trabalha como empregada, em um condomínio de luxo. Eunice, a mãe, é testemunha-chave de um crime chocante ocorrido na casa dos patrões. Mabel, a filha, constrói o caminho que leva não apenas à elucidação deste crime, mas a uma mudança radical na vida das pessoas que cercam as protagonistas.
9) Aline Bei
Formada em Letras pela PUC-SP e em Artes Cênicas pelo Teatro Escola Célia-Helena, publicou em 2017 seu primeiro romance, chamando a atenção da crítica, e ganhou o Prêmio São Paulo de Literatura. Algumas de suas obras são: O peso do pássaro morto e A pequena coreografia do adeus, de 2021.
10) Heloísa Seixas
Autora de mais de vinte livros entre romances e volumes de contos e crônicas, foi quatro vezes finalista do Prêmio Jabuti. Jornalista de formação, trabalhou no O Globo durante 12 anos e sete na assessoria de imprensa da ONU no Brasil. Escreveu o musical Carmen, a pequena grande notável, sobre Carmen Miranda, em parceria com Julia Romeu. Algumas de suas obras são: O livro dos pequenos nãos, A noite dos olhos e Agora e na hora.