Bono Vox, vocalista da banda irlandesa U2, se desculpou por ter pressionado a Apple para adicionar um álbum "compulsório" no iPod em 2014, em uma nova divulgação de sua autobiografia pelo jornal The Guardian. Na época, o vocalista insistiu para que o trabalho fosse liberado no iTunes sem custo, o que causou controvérsias dentro da Apple e reclamação de usuários.
O álbum Songs of Innocence foi incluído no iTunes, plataforma de download de música da Apple, depois de conversas entre a banda e executivos da empresa, incluindo Tim Cook, presidente da californiana. A ideia era disponibilizar o novo trabalho para todos os usuários - e, automaticamente, adicionar o álbum em todas as bibliotecas.
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Na época, Bono acreditava que, caso as músicas estivessem acessíveis para todos os usuários, elas seriam ouvidas. A questão levantada pela Apple era a remuneração dos artistas e a forma de distribuição do conteúdo - Cook afirmou que o iTunes não era uma plataforma de assinatura e que o movimento abria um precedente para a indústria musical sobre como cantores e bandas seriam pagos pelo seu trabalho com a divulgação gratuita das músicas.
Ainda assim, o projeto foi lançado, com a Apple lançando, inclusive, versões personalizadas do iPod. O resultado, porém, foi bem mais complexo do que a "matemática" de Bono: as faixas foram colocadas compulsoriamente nas listas dos usuários que não só não ouviam como não gostaram de ter as músicas "intrusas" no meio das preferências pessoais.
Bono admitiu que a ideia de colocar o trabalho gratuitamente na plataforma foi dele e que, mesmo com o ceticismo de empresários e do próprio presidente da Apple em levar a ideia adiante, o vocalista "empurrou" a decisão para ter a parceria concluída.
"No começo eu pensei que isso era apenas uma tempestade na internet. Éramos Papai Noel e derrubamos alguns tijolos quando descemos pela chaminé com nosso saco de músicas", afirmou o vocalista. "Mas rapidamente percebemos que tínhamos esbarrado em uma discussão séria sobre o acesso da big tech às nossas vidas."
Depois que os usuários começaram a reclamar sobre a campanha, a Apple adicionou no iTunes uma ferramenta para que fosse possível retirar o álbum da biblioteca pessoal de músicas na plataforma.
"Eu assumo total responsabilidade. Nem Guy O, nem Edge, nem Adam, nem Larry, nem Tim Cook, nem Eddy Cue. Pensei que se pudéssemos colocar nossa música ao alcance das pessoas, elas poderiam escolher chegar em direção a ela. Quase. Como um sábio das redes sociais disse: 'acordei esta manhã para encontrar Bono na minha cozinha, bebendo meu café, usando meu roupão, lendo meu jornal'. Ou, menos gentil, 'O álbum gratuito do U2 é superfaturado.' Mea-culpa", escreveu o artista na biografia.
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