Música

Mestre Ambrósio retorna ao palco para celebrar manguebeat

Mestre Ambrósio, clássica banda recifense da cena do manguebeat, retorna aos palcos após 18 anos para celebrar a música de Pernambuco

Pedro Almeida*
postado em 23/10/2022 06:00
 (crédito: José de Holanda)
(crédito: José de Holanda)

Siba, Eder Rocha, Hélder Vasconcelos, Mazinho Lima, Sérgio Cassiano e Maurício Alves se encontram, mais uma vez, no palco da vida. A icônica banda recifense Mestre Ambrósio está de volta após 18 anos parada e fará, em novembro, uma bateria de shows em São Paulo e Pernambuco para comemorar 30 anos de história. Os integrantes conversaram com o Correio sobre o retorno e a possibilidade de trazer a nova turnê para a capital do país.

"Recife era uma cidade isolada. Shows, só com a vinda dos poucos grupos nacionais uma vez por ano. Shows de grupos locais, só cover. Equipamentos ou instrumentos, quase ninguém tinha. Tradição, embora sempre acontecendo, não fazia parte do meu dia a dia." Assim Hélder Vasconcelos detalha a vida na virada dos anos 1980 no Recife. Contrariando expectativas, neste aparente infrutífero terreno, Francisco de Assis França e Fred Rodrigues Montenegro, popularmente conhecidos como Chico Science e Fred Zero Quatro, iniciaram, em 1991, uma corrente que revolucionária a música brasileira e colocaria Pernambuco como epicentro cultural do país. O movimento manguebeat abriu alas como guarda-chuva de diversas bandas que, apesar de diferentes entre si, compartilhavam a ebulição musical e o desejo de unir as fortes tradições nordestinas ao rock e psicodelia que ganhavam o mundo naquela época. Nessa sorte, em 1996, a banda Mestre Ambrósio surgiu para ganhar o país e um espaço na rica história da música pernambucana.

Personagem do tradicional folguedo pernambucano cavalo marinho, Mestre Ambrósio empresta o nome à banda e sedimenta o interesse do grupo pela cultura popular nordestina. No som, forró, maracatu e baião namoram ritmos afros, árabes e o rock n' roll em uma fusão única. Nos 12 anos de atividade, a banda lançou três discos de estúdio e um ao vivo. O primeiro álbum, homônimo, contou com a produção de Lenine. Em 2004, contudo, a história teve um — aparente — fim. Helder Vasconcelos, tecladista, percussionista e gaiteiro do grupo, explica, em entrevista ao Correio, que o hiato não se deu por brigas e atritos entre os integrantes. A vida aconteceu, os caminhos se separaram de forma natural. Da mesma forma, recoberto de naturalidade, se deu o retorno. "As circunstâncias na vida de cada um nos levou a isso. Não tem uma explicação muito lógica", explica. Se os motivos são claros ou não, o que importa é que os fãs foram brindados com uma turnê comemorativa de 30 anos desde o longínquo 1992.

O anúncio do retorno, feito nas redes sociais, foi tomado por uma chuva de comentários celebrando o tão esperado momento. Mesmo após 18 anos de hiato, os entusiastas da banda seguem firmes. Eder Rocha, percussionista, explica o fenômeno pela atenção que os integrantes deram, de forma separada, aos fãs: "A gente sempre teve uma comunicação com o público. Tem, também, uma geração jovem que sempre busca ouvir coisas novas".

A turnê anunciada contará com cinco shows em São Paulo entre os dias 4 de novembro e 18 de dezembro e uma data no Recife marcada para 7 de janeiro. As largas distâncias entre as apresentações deixam brecha para a possibilidade de que novas cidades adentrem o calendário. Indagado sobre a possibilidade de uma passagem em Brasília, Vasconcellos reage: "Sem dúvida. A gente tem esse desejo de poder circular um pouco mais, e eu acho que Brasília é um dos lugares de maior resposta desde o começo da banda. Já entrou no circuito da gente". Rocha completa: "Depois do Recife e São Paulo, Brasília é a cidade com mais fãs de Mestre Ambrósio".

Ainda que os fãs tenham muito a comemorar, o grupo afirma que, por enquanto, a volta é pontual para sinalizar o marco das três décadas de história. Sem pensar muito sobre o futuro, Helder ressalta o prazer de rever os grandes e aponta uma curiosidade sobre a velocidade com a qual a afinidade musical do grupo se revelou: "Um dado bem curioso é que a gente levantou muito rápido o repertório. A memória musical voltou muito rápido. Em três dias, levantamos tudo", diz. Repertório esse que deve, sem grandes surpresas, se apoiar nos grandes clássicos da carreira. Eder adianta: "A gente vai trazer o público para cantar junto com a gente". E finaliza: "É a gente que vai festejar".

 

*Estagiário sob a supervisão de José Carlos Vieira 

 


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  • Banda Mestre Ambrósio
    Banda Mestre Ambrósio Foto: José de Holanda
  • Banda Mestre Ambrósio
    Banda Mestre Ambrósio Foto: José de Holanda
  • Banda Mestre Ambrósio
    Banda Mestre Ambrósio Foto: José de Holanda
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