Música

Expoente do pagode, Ferrugem fala ao Correio de parcerias e novos trabalhos

Um dos expoentes do gênero, Ferrugem, compartilha com o Correio as perspectivas e estratégias em relação à música e sobre o crescimento do pagode enquanto representação do brasileiro

Madu Toledo*
postado em 20/10/2022 06:00
 (crédito: Divulgação)
(crédito: Divulgação)

Com influências do samba e com origem humilde entre as décadas de 1970 e 1980, o pagode, conhecido por suas tradicionais rodas de fundo de quintal, conquistou o público brasileiro e os palcos do Rock in Rio, um dos maiores festivais de música do mundo, sendo hoje um dos gêneros musicais mais ouvidos no país.

Ferrugem é um dos artistas responsáveis pela difusão em grande escala do pagode, junto de nomes como Thiaguinho, Péricles, Dilsinho, Mumuzinho e o grupo brasiliense Menos é mais. O cantor, em entrevista ao Correio, compartilhou a experiência de ser embaixador do Espaço favela, no Rock in Rio de 2022, seus novos projetos e as perspectivas para a sua carreira.

O primeiro single de sucesso de Ferrugem foi Climatizar, lançado em 2015. De lá para cá, o cantor produziu dois álbuns de estúdio, dois álbuns ao vivo e mais de 15 singles, alcançando top 1 do Brasil com Atrasadinha, lançada em 2018 em parceria com Felipe Araújo. Apesar de muitas parcerias com sambistas e pagodeiros, Ferrugem também se destaca pelas colaborações com artistas de outros gêneros: funk, pop, sertanejo e rap são alguns deles.

Me perdoa, lançada neste setembro, em parceria com a cantora Iza, é exemplo da estratégia musical de Ferrugem. "Acho que tê-la nesse projeto representa o quanto o pagode é capaz de alçar voos maiores, alcançar novos públicos. O samba e o pagode são a identidade do Brasil e precisamos pensar nele como um grande movimento, um gênero importante capaz de agregar artistas de fora do segmento', revela o também compositor.

Ferrugem, além de ser responsável por apresentar o TVZ Ao Vivo, programa do Multishow, em 2021, também comandou o Espaço Favela no Rock in Rio de 2022, consolidando, cada vez mais, a sua relevância no meio musical. Sobre a participação no festival ele afirma: "Foi indescritível. Eu sempre sonhei em levar o pagode para um evento desse tamanho. Foi muito lindo ver a potência do segmento naquele mar de gente cantando".

Ele ainda ressalta a importância da representatividade em eventos desse porte e manda um recado para aqueles que criticam a sua abertura a novos gêneros. "Acho que a maior parte do público estava cobrando essa representatividade. Eu fui o embaixador do Espaço favela e aquele palco levou um pouquinho da realidade das comunidades para esse evento tão restrito. A missão ali era não só entreter, mas também ouvir e refletir sobre diversidade e potência das favelas. Ver o público do Rock in Rio se voltar para esses jovens talentos é muito importante", destaca Ferrugem.

Além de cantor e compositor, o artista também é produtor musical e, em junho deste ano, consolidou uma parceria com Rosdei da Costa Silva Santos Júnior, apelidado de Robinho Duó, que vendia biscoito no sinal, na Barra da Tijuca. O encontro rendeu ao jovem um contrato com a Warner Music Brasil. "Ele é um garoto que trabalhava em um sinal aqui no Rio de Janeiro e que eu fiquei encantado com a sua história e suas letras. Foi a primeira vez que produzi um trap e gostei muito do trabalho. E sei que ele se apresentou recentemente no STU, evento de skate, e representou demais. Estou muito feliz pelo crescimento dele", conta.

"Quando uma voz me chama atenção, o que eu mais quero é poder trabalhar com esse artista. Produzo artistas menores e de outros segmentos porque é uma oportunidade de crescer como produtor e de poder ajudar com alguns conselhos que minha trajetória me deu. Minha vida é música e tudo o que ela me traz me preenche completamente", reflete Ferrugem. Em sua opinião, ajudar as próximas gerações é um dever.

Angola

Entre os dias 4 e 6 de novembro o pagodeiro irá realizar uma turnê pela Angola, país localizado no sul da África que é lusófono. Ferrugem se diz muito animado e feliz com a realização dos shows. "Nós temos uma ligação grande com o povo da Angola, pela história, pela língua, pela raça. E sei que eles gostam muito de samba também, desde Martinho da Vila, Mart'nália, até recentemente com o cantor Mumuzinho que esteve lá. É um passo importantíssimo que estou dando na minha carreira para chegar em cada vez mais gente."

Por fim, o cantor comenta sobre a indústria da música e a necessidade de os artistas serem cada vez mais multifacetados e de se dedicarem à internet e às redes sociais. "Temos que, constantemente, pensar em nos comunicar com quem é realmente importante pra gente, trazer o público para perto, conversar diretamente com eles. Além de fazer a música, temos que planejar como entregá-la hoje em dia. E isso talvez seja até mais importante que a própria música", critica.

*Estagiária sob a supervisão de José Carlos Vieira

 

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