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Exposição no CCBB mostra a grandeza de obras do movimento Armorial

Exposição no Centro Cultural Banco do Brasil mostra obras de uma das vertentes artísticas mais representativas do país, gestada por Ariano Suassuna

Irlam Rocha Lima
postado em 16/10/2022 06:00
 Figura com três animais de Fernando Lopes da Paz -  (crédito: Daniela Nader/Divulgação)
Figura com três animais de Fernando Lopes da Paz - (crédito: Daniela Nader/Divulgação)

Os 50 anos de uma das mais importantes expressões das artes brasileiras, o Movimento Armorial, que ocorreu em Recife, na década de 1970, será celebrado a partir da próxima terça-feira no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) de Brasília, com uma programação diversificada. O ponto alto é uma grande mostra, que ficará aberta à visitação até 15 de janeiro de 2023.

"Eu comecei a ficar preocupado com a descaracterização da cultura brasileira. Pensei em reunir um grupo de artistas que atuassem em todas as áreas e que tivessem preocupações semelhantes às minhas, para que nós, juntos, procurássemos uma arte brasileira erudita, fundamentada nas raízes populares da nossa cultura". A afirmação, dada à Rede Globo Recife, é do professor, pintor, dramaturgo e escritor Ariano Suassuna, paraibano — morto na capital pernambucana aos 87 anos — criador e líder do Movimento Armorial.

Além da exposição, que ocupará diferentes galerias do CCBB, haverá espetáculos musicais, exibição de documentário, palestras e debates sobre o legado do Movimento Armorial para a cultura brasileira. A mostra oferece, ainda, atividades interativas e acesso a conteúdos digitais, como tour virtual e playlist em streaming de áudio, além da acessibilidade para todos os públicos.

O espectador poderá conferir aproximadamente 140 obras de artistas participantes do movimento, como Francisco Brennand, Gilvan Samico, Aluísio Braga, Zélia Suassuna, Lourdes Magalhães e, claro, Ariano Suassuna. A maioria das peças nunca havia saído de Recife. A curadoria é de Denise Mattar e coordenação de Regina Rosa Godoy.

"Com a iniciativa, Ariano Suassuna buscou evitar a descaracterização da cultura brasileira. O melhor exemplo, para ele, era o cordel, que contém a literatura, com suas histórias; as artes plásticas, com a gravura; a música, com os repentistas; e a dança que vem juntar. Na obra de Ariano, essa volta às raízes brasileiras é realizada com profundo respeito à diversidade e às tradições", ressalta Denise Mattar. "O autor desenvolveu um trabalho pioneiro e engajado, muitas vezes com posições bastante contundentes, mas apresentando tudo de forma mágica, lúdica, e plena de humor. A exposição Armorial tem como objetivo principal apresentar às novas gerações esse trabalho, mantendo o espírito que o guiou", complementa a curadora.

Regina Godoy conta que o Movimento Amorial chegou à vida dela por meio da música. "Em 2019 assisti a um show do grupo Rosa Armorial, em Curitiba, e me interessei pela sonoridade diferente do que eu conhecia. Comecei a pesquisar grupos de música armorial e me deparei com o universo mágico e artístico do Movimento Armorial e a obra de Ariano". A coordenadora da mostra foi além: "Em 2020, o Armorial faria 50 anos de existência, interessou apresentar uma mostra. Comecei a arquitetar sua realização, convidei a curadora Denise Mattar. Conversei com a família e resgatei um sonho antigo de ocupar o CCBB com uma temática e apresentar toda esta efervescência presente nesta mostra. Eu, como filha de nordestinos, tive o prazer de fazer o percurso da migração nordestina em elo com Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo e agora Brasilia".

É importante lembrar que a mostra conta com obras de colecionadores particulares, de artistas e de instituições como a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), o Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães (Mamam), da Oficina Brennand e de Manuel Dantas Suassuna, Diogo Cantareli, Maria Paula Costa Rêgo, J. Borges, Lourdinha Vasconcelos, entre outros.

  • Animais famintos e o caçador medroso, de Aluisio Braga Daniela Nader/Divulgação
  • Na obra de Ariano, essa volta às raízes brasileiras é realizada com profundo respeito à diversidade e às tradições" Denise Mattar, curadora Cristiana Dias/Divulgação
  • Figura com três animais de Fernando Lopes da Paz Daniela Nader/Divulgação
  • Padre Cícero Romão, de Gilvan Samico Daniela Nader/Divulgação
  • O escritor Ariano Suassuna ajudou a criar a manifestação cultural que mudou o país Breno Fortes/CB/D.A Press

Movimento Armorial 50 Anos

Mostra de 18 de outubro a 15 de janeiro de 2023, no Centro Cultural Banco do Brasil de Brasília, no Setor de Clubes Sul.  

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