REPRESENTATIVIDADE

Presença brasileira no Grammy Latino aumenta a cada ano

Em entrevista ao Correio, CEO do Grammy Latino fala sobre a presença de artistas brasileiros na premiação deste ano

Nahima Maciel
Pedro Ibarra
postado em 09/10/2022 06:00
 (crédito: Reprodução/Instagram @anitta)
(crédito: Reprodução/Instagram @anitta)

Das 53 categorias do Grammy Latino, oito são dedicadas à música em português. É um espaço relevante dentro da maior premiação da música de origem latina, e o Brasil tem uma representatividade cativa nesse cenário. Este ano, além da presença de artistas brasileiros nessas categorias, Anitta aparece em outras, nas quais a concorrência é ampla. Ela disputa com Shakira e Christina Aguilera a Gravação do Ano e com outros artistas o prêmio de Melhor Interpretação de Reggaeton.

É uma consequência natural do que Manuel Abud, CEO do Grammy Latino desde maio de 2021, identifica como uma representatividade importante. "Ano após ano, o Brasil continua desempenhando um papel de destaque. É importante lembrar que, no ano passado, também tivemos uma representação maravilhosa de brasileiros entre nossos indicados. Estamos orgulhosos de ter concedido a Talvez o prêmio Gravação do ano no último Grammy Latino. Sempre há oportunidade de continuar crescendo o relacionamento com o Brasil", diz.

Em entrevista, Abud destaca ainda que, até hoje, foram 18 prêmios de Mérito Especial para artistas brasileiros e três para Personalidades do Ano, concedido a Roberto Carlos, Caetano Veloso e Gilberto Gil. Este ano, Rita Lee entra para a lista. A presença brasileira reflete algo maior. "Este é um momento incrível na música latina. O crescimento da música latina continua a explodir, em popularidade, vendas, fluxos, criatividade artística e influência cultural", garante Abud.

Manuel Abud, CEO do Grammy Latino
Manuel Abud, CEO do Grammy Latino (foto: OMAR CRUZ)

Este ano, foram 18 mil inscritos para a 23ª edição, cuja cerimônia está marcada para 17 de novembro. No total, são 53 categorias e todas as músicas devem conter 51% de conteúdo lírico em espanhol ou português, conforme a categoria.

ENTREVISTA Manuel Abud, CEO do Grammy Latino

Como vocês estão mudando para adaptar o Grammy para as novas gerações?

Como organização que lidera a música latina, nos esforçamos para nutrir, celebrar, honrar e elevar a música latina e seus criadores em todo o mundo. Somos uma instituição cultural inclusiva que permite que artistas e público compartilhem sua herança por meio da música. O Latin Grammys continua a evoluir como uma instituição cultural moderna para se manter relevante, enquanto protege a herança latina, por meio da celebração da música latina em todo o mundo. Uma parte muito importante do nosso processo anual de premiação é ouvir a comunidade de música latina por meio de reuniões periódicas, comitês de seleção, participando ativamente das mais importantes conferências de música latina para ficar por dentro das tendências musicais mais atuais. Todos os anos recebemos várias propostas de nossos membros que são cuidadosamente analisadas com informações estatísticas devidamente comprovadas e, uma vez aprovadas pelo nosso Comitê de Prêmios e Nomeações e pelo nosso Conselho de Curadores, nosso Departamento de Premiação os implementa rapidamente para o próximo processo de premiação.

Anitta se tornou um fenômeno mundial do calibre de Bad Bunny e Rosalía. Do ponto de vista de alguém que trabalha no mercado da música, como você vê a importância da cantora brasileira?

A música transcende, é um sentimento, uma linguagem universal que, como vimos, essa identidade compartilhada nos une. Os criadores têm a capacidade de superar a geografia e nos conectar por meio da narrativa. É importante ter lentes diversas e representação global, entre esse talento brasileiro, pois trazem vários pontos de vista.

As categorias em português têm alguns pontos interessantes. Um deles é a diversidade de gêneros e estilos diferentes de músicas. As canções em português da lista são um reflexo de como a música brasileira é vista fora do Brasil?

Realizamos análises regulares de dados de nosso banco de dados de membros, confirmando o equilíbrio entre gêneros musicais, idades, dados demográficos, históricos profissionais etc. Nossos planos anuais de recrutamento e retenção de sócios são baseados nessa análise de dados. Nosso principal objetivo é que todos os segmentos da indústria da música latina estejam bem representados em nosso corpo de associados. Este ano, identificamos e implementamos o que chamamos de estratégia abrangente, que leva em consideração quatro fatores principais em tudo o que fazemos, especialmente entre nossos membros: gênero, geografia e geração. A diversidade do nosso corpo associativo reflete-se no processo de votação e é isso que se está a ver nas categorias portuguesas. Lendas como Caetano Veloso, Marisa Monte e Milton Nascimento concorrem com novos nomes, como Marina Sena, Liniker e Jão.

Como você vê o embate de gerações da música brasileira na lista?

Estamos celebrando a excelência na música com nossos prêmios, e isso inclui talentos emergentes e ícones da indústria que criaram músicas incríveis este ano. Além disso, o prestígio do Grammy Latino vem da experiência de nossa comunidade. Nossos membros votantes são qualificados de maneira única para escolher os vencedores da maior noite da música latina e tomar suas decisões apenas com base nos méritos artísticos e técnicos das gravações.

Por que não há categorias para o rap e a música urbana brasileira na lista, uma vez que esse estilo está dominando as indicações em português?

Nossos comitês estão avaliando continuamente nossas categorias para garantir que reflitam a evolução da música. Assim como a música evolui, nossas categorias também evoluem.

O funk brasileiro é um dos gêneros mais populares do país. Esse tipo de música já é considerado entre as categorias de música urbana, mas não recebeu indicações. Quando o funk terá um espaço próprio no Grammy Latino?

Conforme mencionado, nossos comitês estão avaliando continuamente nossas categorias para garantir que reflitam a evolução da música. Assim como a música evolui, nossas categorias também evoluem. Nosso principal objetivo é que todos os segmentos da indústria da música latina estejam bem representados em nosso corpo de associados. É por isso que buscamos ativa e intencionalmente diversificar continuamente nosso quadro de associados e incentivamos criadores brasileiros desses gêneros a ingressarem na Academia Latina da Gravação.

Uma das surpresas da lista foi Clarissa disputando Artista Revelação. Ela estourou no TikTok ano passado. Como essas plataformas influenciam a lista final do Grammy Latino?

Embora as plataformas de mídia social possam fornecer aos artistas maior visibilidade, o que pode levar ao sucesso comercial, o Latin Grammy Awards é votado por membros da Academia Latina, que são colegas e criadores. Estamos celebrando a excelência na música com nossos prêmios, e isso inclui uma gama diversificada de artistas, alguns reconhecidos globalmente e outros que podem não ser conhecidos, mas criaram músicas incríveis.

 


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    Manuel Abud, CEO do Grammy Latino Foto: OMAR CRUZ
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