Por 40 anos, o FBI se esforçou incessantemente ao investigar a Rainha do Soul. Com a suspeita de que Aretha Franklin endossou e auxiliou a criar movimentos negros “radicais”, a agência de investigação não encontrou sequer um vestígio.
O arquivo obtido mostra que ela estava sob vigilância de 1967 a 2007, conforme divulgado em entrevista exclusiva do filho da cantora, Kecalf Cunningham, para a Rolling Stone EUA. O relatório de 270 páginas faz referência a todas as atitudes e à carreira de Franklin, com menções de "apoio ao comunismo”, uma possível filiação com grupos negros militantes “radicais” e até preocupações de que seus shows incitariam violência racial. “Não tenho certeza se minha mãe estava ciente de que estava sendo alvo do FBI e foi seguida”, disse Cunningham à Rolling Stone. “Eu sei que ela não tinha absolutamente nada a esconder”.
O contrato com a gravadora Atlantic Record também está nos documentos do FBI, como possibilidade de que houvesse alguma relação de seu trabalho com o Partido dos Panteras Negras, já que Franklin era uma das artistas da gravadora que a organização queria convidar para um evento beneficente, para auxiliar pelo menos 3.000 famílias negras pobres em Los Angeles. As cantoras de soul Roberta Flack e Tina Turner estavam entre as outras que os Panteras Negras também consideraram.
Outros músicos e ativistas negros, como Marvin Gaye e Jimi Hendrix, também foram citados no arquivo, com afirmações de que teriam trabalhado com ela na época. A narrativa abordava a experiência de pessoas negras durante o período conturbado das relações raciais das décadas de 1960 e 1970. A agência acompanhou artistas cuja fama coincidia com a mesma premissa da luta racial de Franklin, caso o envolvimento fosse além do apoio vocal. Na maioria das vezes, assim como todo o restante das informações documentadas, não há uma evidência sequer.
Aretha Franklin passou a vida inteira defendendo a igualdade racial e de gênero ao lado de líderes negros proeminentes como o Martin Luther King Jr e lançou diversas canções que são consideradas trilha sonora do movimento pelos direitos civis. Aretha, morta em 2018, era tão politicamente aberta quanto musicalmente talentosa, com 18 prêmios Grammy em sua carreira, vários NAACP Image Awards e outros prêmios na bagagem.
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