Música

Show 25 Anos de Amizade traz parceria musical de Manassés e Cainã Cavalcante

Os instrumentistas Manassés e Cainã Cavalcante celebram um encontro de gerações no Espaço Cultural do Choro

Irlam Rocha Lima
postado em 05/10/2022 06:00
 (crédito:  Renata Samarco/Divulgação)
(crédito: Renata Samarco/Divulgação)

Brasília, ao longo do tempo, tem acolhido músicos originários de todas as regiões do país, o que a fez ser conhecida como um autêntico caldeirão de ritmos. Nesta quarta (5/10) e quinta-feira (6/10), por exemplo, quem for ao Espaço Cultural do Choro, poderá apreciar o trabalho de dois instrumentistas e compositores cearenses de diferentes gerações.

O show 25 Anos de Amizade irá promover o encontro no de um mestre e de um discípulo — Manassés de Souza e Cainã Cavalcante, ambos violonistas e compositores. Eles serão acompanhados pelo baixista Oswaldo Amorim e o percussionista Carlos Pial, e contarão com quatro convidados: Thanise Silva (flauta) e Larissa Umaytá (pandeiro), hoje; Paulo André Tavares (violão) e a cantora Indiana Nomma, amanhã.

Manassés que há 10 anos migrou para Brasília e Cainã, atualmente radicado em São Paulo, mantêm uma relação artística desde 1997. Desde então, nem mesmo a distância física o impede de trocar informações e experiências musicais. Aqui na cidade, em 2019, eles já haviam tocando juntos, no Clube do Choro.

Em 55 anos de carreira, Manassés lançou 16 discos — o mais recente é Um pouco por todo lado, que gravou com Luciano Pimentel. Durante vários anos integrou as bandas de Raimundo Fagner e Elba Ramalho e acompanhou Zé Ramalho em alguns shows, além de Chico Buarque, Martinho da Vila, Geraldo Azevedo e João do Vale numa turnê pela Europa.

A trajetória musical de Cainã, iniciada há 25 anos teve Manassés como o grande incentivador e produtor do primeiro dos sete discos que lançou. O repertório do sétimo, Sinal dos tempos, vem sendo base para os shows que tem feito em São Paulo e que apresentará no Teatro Prudential (Rio de Janeiro), tendo o instrumentista e cantor Zé Ibarra como convidado. O violonista conta que já acompanhou o bandolinista Hamilton de Holanda e a cantora Rosa Passos.

25 Anos de Amizade

Show de Manassés e Souza e Cainã Cavalcante hoje e amanhã, às 21h, no Espaço Cultural do Choro (Eixo Monumental). Ingresso: R$ 25. Classificação indicativa livre.

Entrevista// Manassés de Souza

Como e quando conheceu Cainã Cavalcante?

Ele era garoto quando, ao lado do pai me procurou em Fortaleza. Tinha um violão às mãos e disse que ouvia minhas músicas e pediu algumas informações sobre o instrumento. Passaram, três anos, quando fui convidado para produzir o primeiro disco dele.

Chegou a acompanhar a trajetória dele?

Mesmo à distância, tomava conhecimento do que vinha fazendo ao lado de outros artistas cearenses como Marcílio Homem, Adelson Viana e Tarcísio Sardinha. O Fagner produziu o segundo CD do Cainã, do qual tomei parte. Depois que ele foi morar em São Paulo, perdemos, um pouco, o contato.

Efetivamente, quando esse contato foi retomado?

Em 2019 nos reencontramos no palco do Clube do Choro. Fizemos um show, com direção de Valerinho Xavier, que foi muito importante, tanto para ele,como para mim.

Agora estarão juntos novamente no show 25 Anos de Amizade, no Espaço Cultural do Show. Qual é a expectativa desse reencontro?

Estou muito contente por voltar a tocar junto e ao vivo com o Cainã que, hoje, é um dos grandes violonistas do país. Vamos aproveitar para trocar ideias sobre futuros projetos que poderemos desenvolver.

O que tem feito atualmente?

Estou morando em Olhos D'Água e lá mantenho um home-estúdio, que utilizo para produzir discos e realizar outros projetos. Recentemente voltei ao Ceará para participar do Festival de Jazz e Blues de Guaramiranga.

O que o levou a procurar Manassés, quando você era ainda criança?

Eu já gostava de violão e meu pai, que era artista plástico e fez capas de livros de Patativa do Assaré, me levou até o Manassés. À época, recebi alguns conselhos dele sobre o uso do instrumento, que foram valiosos para mim. Quando gravei meu primeiro disco, aos 13 anos, ele fez a produção.

Como foi sua trajetória musical?

Estudei no Conservatório Alberto Nepomuceno, em Fortaleza, para entender a música de forma mais ampla. Em São Paulo, venci um concurso de violão erudito,antes de lançar Morador do mato, meu disco de estreia.

O que traz Sinal dos tempos, seu sétimo álbum?

No disco registrei parte da obra de um dos maiores compositores e violonistas brasileiros, o paulista Aníbal Augusto Sardinha, que se tornou conhecido como Garoto. É um trabalho solo do qual me orgulho.

Como vai ser o show com Manassés no Clube do Choro?

Vamos comemorar 25 anos de amizade com um show em que as composições do Manassés estarão em destaque. Juntos em cena durante todo o tempo, estabeleceremos um diálogo violonístico.


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