Música

Misturando trap, rap e funk, carioca L7nnon chega ao topo da música

Rapper carioca L7nnon se tornou o brasileiro mais escutado do Spotify misturando trap, rap e funk

Pedro Ibarra
postado em 04/10/2022 06:00
 (crédito: JP Maia)
(crédito: JP Maia)

Não é segredo para ninguém que as plataformas digitais mudaram a forma como o público consome música. Um artista, por meio de Spotify ou TikTok, pode ficar famoso da noite para o dia. Porém, há figuras que o crescimento pode ser acompanhado. O rapper L7nnon é um dos casos recentes em que a ascensão ocorreu como um processo e agora ele chegou ao pico, se tornando o artista mais escutado do Brasil no Spotify.

O carioca, natural do bairro de Realengo, na Zona Oeste da cidade do Rio de Janeiro, L7 tem apenas cinco anos de carreira e já conquistou o Brasil. São 9,9 milhões de ouvintes mensais na plataforma de streaming de música. Alguns dos destaques estão nas músicas Freio da Blazer, com mais de 100 milhões de reproduções; Corte americano, com mais de 93 milhões; Perdição, mais de 83 milhões; e Sem dó, 66 milhões. Em um passeio pelo funk, ainda estourou os hits de TikTok, Ai preto e Desenrola bate joga de ladin, sem contar o sucesso estrondoso do projeto Poesia Acústica, do qual participou algumas vezes. A todo, atingiu a marca impressionante de mais de 1 bilhão de streams.

O fato reverteu em uma agenda lotada, com shows em todo país e participações em grandes festivais como o tradicional Planeta Brasil, em Belo Horizonte; o estreante Primavera Sound, em São Paulo; e o gigante Rock in Rio. A fama fez ele ser reconhecido internacionalmente o que fez com que fosse convidado por Tion Wayne para a música Kim n Kanye e para cantar uma música no palco do rapper Jack Harlow no Lollapalooza Brasil. “Deus tem feito coisas maravilhosas na minha vida e eu sou grato demais por tudo que venho conseguindo. Meu som tá chegando no Brasil todo e o carinho do público me motiva a escrever mais e mais”, comemora o artista.

Após um grande crescimento também durante a pandemia, o rapper agora pode sentir o calor do público e tem gostado do que vê. “O show é um dos momentos mais importantes para mim. Ali, eu dou tudo de mim e o público sente isso”, conta. “Estou cantando pelo Brasil todo faz um tempo e, aos poucos, o pessoal vai criando um carinho maior”, complementa.

Para comemorar o feito, o músico apresenta o single Vim de lá, um passeio por tudo que conquistou até hoje. Ele aproveita para analisar toda a própria trajetória como um fato importante para chegar onde sempre quis. “Sinto que hoje eu posso ser uma voz de incentivo pras pessoas e quero que todas acreditem que possam realizar seus sonhos, assim como eu tô vivendo o meu”, pontua.

Entrevista // L7nnon

Como foi o processo do novo single? Como você acredita que o público vai receber a nova música?

Foi maneiro! Vim de Lá fala das minhas conquistas de hoje, mas eu olho para o início da minha carreira para explicar que nada foi por acaso e também agradecer todos que estiveram comigo na caminhada. Ah, é sempre difícil saber como o público vai reagir, mas eu acho que vai gostar. Tem muita verdade nessa música e acredito que muita gente vai se identificar.

O posto de artista mais ouvido do Brasil em plataformas digitais demonstra que o seu trabalho tem sido recompensado, olhando para sua trajetória o que isso significa para o L7nnon que lá atrás decidiu viver de música?

Cara, eu não sei nem o que dizer. Tenho cinco anos de carreira e só eu sei como foi suado pra chegar aqui. Mas agora eu vejo que todo esforço deu certo e sou profundamente grato por todos os amigos e familiares que sempre acreditaram em mim e não me deixaram desistir. Eu procuro não ficar pensando demais sobre esse lance de ser o mais ouvido, mas eu recebo de forma muito positiva. No fim das contas o que eu quero é cantar e chegar no máximo de pessoas. Quero que elas sintam a felicidade que eu tenho de poder viver tudo que eu sempre sonhei na minha vida.

A sua ascensão também demonstra que algumas apostas suas tem dado certo, principalmente a de investir em variadas ramificações da cultura hip-hop. Você é trap, é rap e e é funk. Qual a importância de circular em um pouco de cada na sua música?

Ah, toda, né! O funk está presente na minha vida desde a infância e ter gravado Desenrola bate joga de ladin com Os Hawaianos foi uma honra, porque os caras são relíquias e importantes demais pra que muita gente pudesse ter uma carreira, como o Biel do Furduncinho por exemplo, com quem gravei e é outro monstro. No rap, eu também gosto de explorar bastante, de rimar no trap, drill, o que vier eu tô fazendo! Além disso, eu sinto que essa diversidade me deixa um MC melhor. É importante.

As suas parcerias também são um ponto alto no quesito diversidade. Tem de tudo. Qual a importância de dividir o microfone com músicos de todos os estilos?

Demais! Eu gosto muito de sair da minha zona de conforto e cantar com artistas de outros gêneros é muito importante. Quando eu ia pensar que iria ter uma música com Leo Santana e Ivete Sangalo, dois monstros que tão aí há muitos anos. Além de ser uma honra trabalhar com gente nova em sinto que melhoro como artista também.

Como você percebe o crescimento do trap com o público brasileiro? Você acredita que a música caiu de vez para o mainstream?

Eu fico feliz, porque o Brasil tem muito talento e faz um trap de primeiro nível. Não sei se mainstream, porque ainda falta espaço na tevê, na rádio, mas aos poucos a gente vai conquistando isso. Somos aceitos por boa parte do público, mas a gente sabe que pode alcançar ainda mais gente.

O crescimento da cultura hip-hop no Brasil é um traço de que o Brasil tem aceitado melhor uma música que sempre foi marginalizada. Você acredita que pode ser uma mudança permanente de como o público vê os artistas do gênero?

Acho que mudou. É só você os números dos artistas do rap hoje e projetos da dimensão do Poesia Acústica com músicas de 12 minutos que tem milhões de visualizações e caíram no gosto de gente que nem conhecem direito o hip hop.

Acha que o preconceito com a música que vem dos pretos, pobres e periféricos ainda sofre preconceito? Para você tem como reverter essa situação?

Claro que sofre, mas a gente está vindo com força pra mudar isso. Não dá mais para ignorar um movimento tão grande e com tanta gente boa. Para gente, é sempre duas vezes mais difícil, mas a cada ano que passa nosso trabalho vai ganhando mais reconhecimento e quem é contra não tem muito o que fazer.

Como é a música do Brasil, olhando daí onde está, do topo das listas de mais ouvidos?

Eu sou suspeito para falar, mas a música brasileira é a melhor do mundo. A nossa diversidade é muito grande e tem coisa boa para todos os gostos. Fico feliz também por estar conseguindo cantar com nomes do rap, dos maiores aos mais desconhecidos, e de outros gêneros, como Ivete Sangalo e João Gomes e o pessoal do Poesia Acústica.

 

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