O cantor Gilberto Gil se apresenta em Brasília neste fim de semana e, antes do show no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, nesta sexta-feira (23/9), conversou com o editor de cultura do Correio Braziliense, José Carlos Vieira, e falou sobre o cenário político brasileiro e, também, sobre sua atuação na música.
A política foi um dos pontos centrais do bate-papo com o cantor. Em uma breve retrospectiva, Gil falou sobre a pandemia e a relação entre os poderes e a sociedade. “O Brasil vem de um período longo em que as relações entre o Estado e a sociedade vêm complicadas desde o segundo mandato de Dilma [Rousseff]”, disse.
Sobre o governo do atual presidente Jair Bolsonaro (PL), Gil evitou se aprofundar nas opiniões, mas demonstrou o desejo de que um novo governo assuma o país. “Sobre os quatro anos de Bolsonaro eu acredito que não preciso falar, os fatos falam por si. A expectativa geral do Brasil é de que esse governo se vá e o fato de termos um novo momento já será uma melhora em si”, afirmou.
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Relação com a capital e com a música
Em uma conversa rápida e descontraída, o artista também contou sobre a relação dele com Brasília no tempo em que atuou como ministro da Cultura, durante o governo do ex-presidente Lula (PT). Gil frequentou a capital durante os cinco anos em que esteve à frente do Ministério, entre 2003 e 2008, e desenvolveu uma relação de trabalho com a cidade. “Para mim, a relação com a cidade era uma relação de trabalho mesmo [...] dormia, acordava cedo, trabalhava, uma vez ou outra ia a um almoço ou jantar em um restaurante”, contou Gil.
Passeando por sua trajetória, o cantor falou sobre produções, planejamentos de trabalhos e composições. De acordo com Gil, as apresentações têm ocupado sua agenda e exigido dedicação. “Tenho estado muito ocupado com apresentações, minhas pessoais e teve a chegada da família para se associar a todo o trabalho criativo no sentido artístico. Basicamente nos últimos dois, três anos eu tenho me dedicado a isso”, revelou.
Aos 80 anos de idade e cerca de 50 anos de carreira, Gil segue encantando gerações. O público do artista se renova e os jovens consomem suas músicas e acompanham e admiram o cantor, que é um dos principais nomes da música popular brasileira e vencedor de prêmios de renome internacional, como o Grammy Awards.
A essa renovação de público, Gil atribui a “herança” de pais para filhos, de avós para netos. “Essa geração logrou essa coisa de passar de pai para filho, hoje você tem um público que cultua nosso trabalho, tem avós, netos. Os adolescentes de agora aprenderam a gostar e se beneficiaram de um prestígio que minha geração adquiriu, e eles tiveram esse interesse de acompanhar e retomar nossos trabalhos. Hoje temos um público que atinge avós, filhos e netos”, afirmou.
Gilberto Gil em Brasília no fim de semana
Gilberto Gil apresenta, nesta sexta (23/9) e no sábado (24/9), às 21h30, show no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, com a participação de filhos e netos do compositor.
Depois de cumprir excursão vitoriosa por 18 cidades de países europeus como França, Alemanha, Suécia e Portugal, em julho ; ser aplaudido no Rock in Rio e participar do festival Coala, em São Paulo, o espetáculo Gilberto Gil in Concert pode ser apreciado em Brasília nessas duas noites.
No Gilberto Gil in Concert, o cantor tem a companhia dos filhos Bem Gil (violão e guitarra), José Gil (bateria e percussão) e dos netos João Gil (violão e baixo) e Flor Gil (teclados e vocais). Há, ainda, a participação do experiente baterista Marcelo Costa. O repertório está repleto de clássicos, entre os quais Andar com fé, Aquele abraço, Drão, Expresso 2222, Não chore mais, Tempo rei e Vamos fugir — todos autorais, além de Garota de Ipanema, de Tom Jobim e Vinicius de Moraes.