A história dos países africanos é muito rica, porém pouco explorada. O continente tem os próprios ícones e as próprias lendas e as memórias, mas as oportunidades dessas narrativas chegarem ao grande público são raras. Em A mulher rei, o espectador pode viajar para o reino de Daomé, no atual Benin, para conhecer o grupo de guerreiras Agojie. Uma dessas histórias que não tinha a chance de ser contada, até agora.
O longa é um dos destaques das estreias da semana nos principais cinemas do Brasil. A história volta para 1823, quando esse grupo formado apenas por guerreiras mulheres, de extrema força e muito treinamento, protege o reino de invasores, perigos, tribos rivais e principalmente de mercadores de escravos. A produção é protagonizada pela vencedora do Oscar, Viola Davis, e ainda tem nomes do calibre de Lashana Lynch, Thuso Mbedu e John Boyega no elenco.
Intérprete de Nanisca, Davis acredita que é uma chance de visibilidade para histórias protagonizadas por mulheres negras. "As mulheres negras serão vistas como pessoas, como merecem. Nossa beleza será vista, nossa força também. Nós nos sentiremos valiosas", afirma a atriz. "O público sentará para ver e ouvir essas lindas mulheres pretas de cabelo crespo por duas horas e seis minutos. Vão ouvir as histórias delas, o que elas têm a dizer", completa em coletiva concedida à imprensa brasileira.
Além de uma história importante, muito foi investido no filme, que tem como um dos principais pilares as cenas de ação. Davis e as outras atrizes malhavam cinco horas por dia, sendo três horas e meia de artes marciais e uma dieta especial. "Tive que mudar muito meu corpo. Precisei encorpar para fazer algumas cenas que me foram pedidas", lembra a artista.
Produtor do filme e marido de Viola, Julius Tennon acredita na emoção da fita, que, para além de toda ação, é uma experiência marcante, principalmente para as pessoas negras. "Pessoas negras frutos da diáspora serão mudadas para sempre depois que assistirem esse filme", comenta. Tennon ainda aponta a importância de dar possibilidades para artistas negros em todas as áreas. "Pessoas negras têm qualidade no trabalho, tem o currículo e o conhecimento. O que falta é a oportunidade. Precisamos arrombar a porta para que essas pessoas tenham a chance de brilhar como merecem", diz Tennon.
Viola ainda adiciona que o filme é importante para os brasileiros. O Benin era um dos principais países a ceder escravos para o Brasil. "Com a venda transatlântica de escravos nós sabemos de mais de 12 milhões de africanos que foram retirados dos países de origem. A primeira parada deles era o Brasil", afirma a atriz. Ela acredita que esse filme é capaz de mudar paradigmas. "A gente vai mostrar que não é necessário um trabalho feito por homens ou mesmo pessoas brancas para conquistar o topo das bilheterias", finaliza.
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