show

Milton Nascimento emociona os brasilienses em 'Última Sessão de Música'

Com quase duas horas de duração, o show possibilitou o cantor e compositor carioca-mineiro interpretar incontáveis clássicos que acumulou ao longo de seis décadas de carreira

As oito mil pessoas que estiveram na noite de hoje no Ginásio Nilson Nelson tiveram o privilégio de assistir a um dos mais belos e emocionantes espetáculos apresentados em Brasília nos últimos tempos, o Última Sessão de Música, com o qual Milton Nascimento, um gigante da música popular brasileira, está se despedindo dos palcos.

Com quase duas horas de duração, o show possibilitou o cantor e compositor carioca-mineiro interpretar incontáveis clássicos que acumulou ao longo de seis décadas de carreira. Obviamente, aos 80 anos, o timbre que possui atualmente não é mais aquele, que levou Elis Regina a afirmar: "Se Deus tivesse voz seria a de Milton Nascimento".

Por conta da perceptível fragilidade física, ele teve que cantar durante toda a apresentação sentado em uma cadeira — que um fã chamou de trono. Mesmo assim encantou o público ao revisitar pérolas como Cravo e Canela, Cais, Nos Bailes da Vida, Pra Lenon e McCartney e Nada Será Como Antes. Ao cantar Maria Maria ouviu-se um coro de para da platéia: "Fora Bolsonaro!".

Milton dedicou Canção da América aos brasilienses e ao final foi ovacionado. Ele teve a acompanhá-lo uma super-banda liderada pelo violonista e guitarrista Wilson Lopes, que tinha em sua formação o saxofonista Widor Santiago, que iniciou a carreira em Brasília. O jovem multi-instrumentista e vocalista Zé Ibarra fez aplaudidos solos em San Vicente, Volver a Los 17 e Travessia. Após a interpretação de Coração de Estudante, ouvida no bis, Milton soltou um brado: "Viva a Democracia". Foi o mote para que se formasse um robusto coro: "Lula-la! Lula!,Lula!". Tudo isso tendo como cenário belíssimos painéis criados pelos consagrados artistas plásticos Os Gêmeos e projetados ao fundo do palco.