O artista brasiliense Lucas Maranhão lançou, nesta quarta-feira (21/9), Verso • reverso, primeiro álbum solo da carreira. O disco conta com um conceito peculiar no qual as músicas avançam até a metade da obra e voltam, ao contrário, para unir fim e início. A obra está disponível nas plataformas digitais.
Em uma conversa à beira da praia com clima de férias e regada a cerveja, um amigo de Lucas o provocou com uma ideia intrigante: seria possível existir um álbum musical que avançasse e, na metade do caminho, voltasse ao contrário? A segunda metade seria, na verdade, a primeira com sons invertidos. Como um vinil que decide girar ao contrário.
A ideia, aparentemente surreal e inconcebível, caiu no colo de alguém com cacife para torná-la real. Lucas Maranhão é multi-instrumentista e também produtor musical. Com os equipamentos em casa e a mente a mil desde que havia ouvido o conceito, Maranhão carecia apenas de uma coisa: tempo. O mundo, então, parou por conta de uma pandemia e deu ao músico tempo de sobra para brincar em seu parque de diversões particular.
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Dois anos depois, a obra ficou pronta para chegar às plataformas digitais nesta quarta (21/9). Composto, arranjado e produzido inteiramente por Lucas, o disco conta com 13 faixas, sendo as seis primeiras um espelho das seis últimas. A sétima faixa, que marca a exata metade, funciona como um espelho de si mesma e cria um momento de virada, como quem vira o lado A do disco para o lado B. Lucas Maranhão conversou com o Correio sobre a obra.
O conceito do álbum é muito interessante, mas soa como uma ideia complicada de colocar em prática. Quais foram as dificuldades de dar vida a esse projeto?
A principal dificuldade foi pensar em composições que funcionariam tocadas para frente e também para trás. Ou seja, cada decisão de produção tinha que ser validada nos dois lados da faixa. Por exemplo, se eu gravasse uma faixa de violão na primeira música, precisava conferir se ela soaria bem com o áudio revertido, na última música. Esse processo foi demorado, mas também serviu como estímulo criativo para continuar compondo.
Você teve ideias que tiveram de ser descartadas porque não funcionaram? O que mudou entre a forma que você pensou que seria o trabalho de produção e como de fato foi?
O álbum surgiu por meio da tentativa e erro, então tiveram muitas ideias descartadas logo no início, porque não funcionaram tocadas ao contrário. Esse processo de produção foi totalmente novo para mim, e me ajudou muito a crescer como artista e a desenvolver ideias para meus próximos trabalhos.
A ideia me remete ao filme Amnésia, de Christopher Nolan. Com uma ideia tão atípica, você conseguiu buscar referências na arte para te ajudar a compor?
Com certeza! Na época que estava imerso na produção desse álbum, lembro de assistir o filme Tenet, também do Christopher Nolan, que aborda muito essa temática do reverso. Esse filme tinha me deixado ainda mais animado para seguir com minha ideia.
Você criou um disco que exige uma ordem lógica de audição em uma época em que as pessoas ouvem muitos singles e playlists em modo aleatório. Isso foi uma questão pra você?
Pois é, eu particularmente sempre adorei ouvir álbuns completos, então sempre me fascinou a ideia de compor um álbum que estivesse amarrado como uma obra conjunta. Acho que foi algo que aconteceu naturalmente, o conceito do álbum acaba gerando uma expectativa nos ouvintes, então fico muito feliz que tenham muitas pessoas ouvindo o álbum por completo.
Você poderia falar um pouco sobre a capa do álbum? Qual a inspiração?
Para toda a parte visual do álbum, trabalhei com artistas amigos da cidade que sempre admirei muito. A ideia partiu de uma arte feita em uma máquina de costura pela artista Mariana Siqueira. Em seguida, junto com o artista e designer Lucas Linu, pensamos em simbologias que incorporassem a temática do reverso. A capa também conta com uma frase do escritor Lenio Carneiro “Quem se abre, vive e volta”, que foi recortada de um texto escrito para o encarte do álbum, que vai sair em vinil em breve.
Como foi casar as letras com a temática musical?
As letras partem de um espaço muito pessoal e íntimo, em que são abordadas inseguranças e ansiedades que surgiram durante o período de isolamento. Grande parte das minhas referências de letras são influenciadas pelo trabalho do Milton Nascimento, que na minha opinião é o maior artista brasileiro. Resolvi homenageá-lo com uma a referência a Ponta de Areia em Desponte •
Verso • reverso, de Lucas Maranhão
*Estagiário sob a supervisão de Nahima Maciel
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