Uma força da natureza. A fragilidade física que aparenta se transmuta e a faz tornar uma persona gigante quando ocupa um palco. É isso também o que passa para o espectador, a mais icônica intérprete da música popular brasileira em Ninguém sabe quem sou eu (Bethânia agora sabe), filme de Carlos Jardim, em cartaz no Cine Cultura (Liberty Mall/Setor Comercial Norte) e Espaço Itaú de Cinema/Casa Park).
O documentário tem por base livro homônimo, do diretor de jornalismo da Globo News —, mas antes de tudo fã incondicional da cantora — lançado recentemente, pela editora Máquina de Livros. Não por acaso, a película traz uma narrativa marcada pela informalidade, a partir de uma longa conversa entre o criador e a criatura. Chama a atenção também imagens — algumas delas raras — de shows e momentos da trajetória da Abelha Rainha, obtidas junto à TV Globo e a TV Bahia.
Jardim, obviamente, buscou dar relevância em Ninguém sabe quem sou eu à Bethânia artista, ao destacar a relação que ela mantém com a música e, mais especificamente, com o palco, o qual considera um altar sagrado, "onde me mostro por inteira". Ao diretor do filme, a cantora deixou claro que é exigente e rigorosa com ela e seus companheiros de trabalho, "para que me sinta tecnicamente pronta na hora de subir ao palco".
Fernanda Montenegro, a grande dama do teatro brasileiro, se faz presente no documentário em diferentes momentos. Num deles é enfática ao ressaltar sua admiração pela estrela da MPB: "Maria Bethânia ultrapassa as divisões maniqueístas dos manipuladores da opinião pública para ocupar este lugar muito especial, só reservado aos mitos. Bethânia, deusa, guerreira, inconfundível".
Já Bethânia estende seu tapete de elogios a personagens das artes do país, que considera importantes para o desenvolvimento de sua carreira, como o irmão Caetano Veloso, Chico Buarque, Clarice Lispector, Fauzi Arap; e demonstra carinho especial pela a mãe, Dona Canô, o pai Zeca e a yalorixá Mãe Menininha do Gantois; e fala da devoção por Nossa Senhora.
Entrevista// Carlos Jardim
Qual é o sentimento do fã que acompanhou a trajetória de Maria Bethânia, ao escrever um livro e agora lança um filme sobre a artista alvo da admiração?
Emoção em estado puro, coração aos pulos. É mágico poder realizar sonhos, né não?
Como foi o processo de aproximação — convencimento — de Maria Bethânia para levá-la às telas de cinema?
Ao longo da minha trajetória como jornalista fiz várias matérias com Bethânia, primeiro como repórter, depois nos bastidores, editando. Acho que aos pouquinhos fui conquistando a confiança dela. Quando fiz o convite para o filme, ela reagiu muito bem. Fiquei feliz e orgulhoso.
Quanto tempo levou entre escrever o Ninguém sabe quem sou eu (A Bethânia agora sabe) e produzir o documentário?
Fui fazendo tudo ao mesmo tempo. O livro saiu rápido, fiquei impressionado com minha memória! Mas quando a gente ama tanto uma pessoa, não esquece dos momentos marcantes, né? O livro conta como fui chegando perto dela e traz muitos bastidores do filme. É mais uma declaração de amor a essa mulher incrível!
Foi diferente entrevistar a cantora sabendo que iria utilizar o material no filme?
Sim. Na verdade, ao contrário de uma entrevista como jornalista, ali eu colhi um depoimento da cantora. Com mais tempo, com tranquilidade para abordarmos assuntos amplos. E aprofundarmos as respostas.
Acredita que desta vez conseguiu extrair dela depoimentos mais impactantes?
Olha, tudo que Bethânia fala é sempre impactante, em qualquer circunstância, porque ela é uma artista que nunca perdeu a relevância, pelo contrário, foi ficando cada vez mais fundamental. Eu acredito que o filme traz coisas novas, mas quem vai julgar é o público.
Houve dificuldade para conseguir imagens de shows e de momentos da vida de Bethânia?
Não. Os arquivos da TV Globo e da TV Bahia, afiliada da Globo, são riquíssimos! Caprichamos na pesquisa e achamos coisas incríveis. Difícil foi ter que deixar muita coisa boa de fora!
Do que o público vai assistir há algo que lhe sensibilizou mais?
Eu me emocionei muito quando Bethânia falou sobre a mãe, Dona Canô. Um amor lindo, realmente comovente.
Que expectativa faz em relação à acolhida dos espectadores e, mais especificamente, dos fãs da estrela da MPB ao filme?
Fizemos algumas pré-estreias e o público reagiu muito bem, graças a Deus. Os fãs vieram falar comigo depois, emocionados e agradecidos. Fiquei feliz de poder tocar o coração de tantas pessoas falando de uma artista tão fundamental pro cenário cultural brasileiro.
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