Um alto grau de inconformismo toma o espírito do ator, e agora diretor de cinema, Caio Blat, quando ele observa o cenário político contemporâneo, que, por sinal, alimenta o roteiro de O debate, filme recém-chegado ao circuito. Entre contrassensos como o do pedido de instalação de ditadura, Blat, em entrevista ao Correio, ainda destaca, incrédulo: "A gente tem o único presidente do mundo que não tomou vacina". O gosto de alguns por vilões que arrebatam o público em obras artísticas está posto no roteiro de O debate, a cargo de Guel Arraes e Jorge Furtado. Nisso, Caio se incomoda com os que governam só para os concordantes e a tendência de mandatários que falam só com eleitores líquidos e certos.
"Tratamos, no filme, de quando é que vamos retomar o diálogo. O filme, infelizmente, mais do que falar de questões de política trata, num paralelo com a realidade, das muitas 'casas' que foram voltadas, e que, num certo sentido, têm necessitado de defesa. Vemos as urnas tendo que ser defendidas, assim como a ciência e o jornalismo, e a liberdade de expressão!", comenta o artista, elencando retrocessos. Desequilibrada distribuição de renda, questões de armamento, aborto, tramoias e vinganças políticas ocupam a tela de cinema no filme que mostra o antigo casal Paula (Debora Bloch) e Marcos (Paulo Betti), pela ordem, apresentadora e editor de telejornal, às vésperas da eleição. "O grande assunto do filme é a ética, mais do que o debate. Tratamos do que a sociedade é capaz de aceitar e de ouvir, como absorver o divergente", conclui.
Confira entrevista completa na edição de domingo (28/8) do Correio