O poeta, romancista e diplomata Raul de Taunay promove, nesta quarta-feira (24/8), a partir das 19h, uma noite de autógrafos no Bar Beirute, na 109 Sul. O autor apresenta o novo livro de poesias, O sol do Congo, e uma nova edição do romance Meu Brasil angolano.
Ao falar com presteza sobre a história e cultura africanas, a imensidão do continente parece se encapsular na fala de Raul de Taunay. O conhecimento do carioca radicado em Brasília se desenvolveu ao longo dos vários anos em campo como diplomata e, por fim, embaixador. Para além do ofício, as dores e sabores de países como o Congo e a Angola tão logo se tornaram objeto de interesse sob os quais Taunay se debruçou com o olhar de poeta e escritor. A colossal África, ou “o único continente localizado nos quadrantes: oriente, ocidente, norte e sul”, nas palavras do poeta, teria de caber em versos.
O sol do Congo nasceu da observação de Raul de Taunay nos anos que passou em Brazavile, capital da República do Congo, entre os anos de 2016 e 2020. Apoiado na etimologia da palavra “África”, que quer dizer “radiante” ou “ensolarado”, o autor apresenta um livro de poesia que carrega, no nome, o Sol. “É a visão poética daquele homem mais maduro que vive de poesia”, revela. Das horas na embaixada aos cenários exóticos, passando pelas mulheres lavando roupa a céu aberto, o autor descreve, sem pressa, ao longo das 137 páginas, a beleza cotidiana local. Havia, também, escapismo: “Eu procurava escapar um pouco da minha pele de embaixador”. Enfim, em casa, Taunay revela que esse específico lançamento, no clássico bar brasiliense Beirute, tem um sabor que o difere dos outros 10 livros já lançados: “Eu passei muito tempo fora do Brasil, então esse lançamento é quase que não tem encontro com a cidade”.
No embalo de celebrar a obra como escritor, Raul optou por apresentar, em paralelo a O Sol do Congo, a terceira edição do romance Meu Brasil angolano. Aqui, os versos e a poesia cotidiana abrem espaço para uma densa prosa que aborda a guerra civil angola. Em missão diplomática no início dos anos 1990, Taunay presenciou a história se desenrolar. “Houve uma batalha dentro de Luanda que se deu bem em frente à embaixada do Brasil. Eu estava lá assistindo essa batalha, escutando os tiros. A embaixada ficou praticamente sitiada”, relembra. Como forma de processar tudo que havia presenciado, o escritor recorreu à ficção, mas ancorou-se no real ao se projetar em um dos personagens.
Do ponto de vista de um profundo conhecedor da história africana, Taunay acredita que o Brasil ainda não se descobriu. “Ainda estamos anestesiados com os sabores da América do Norte e com a cultura da Europa”, diz. A desorientação cultural, proveniente de um “ranço de colonizados”, não impede os brasileiros de se conectarem com a ancestralidade africana: “o que nos torna encantadores aos olhos dos estrangeiros é esse espírito misturado que nós temos. Sim. Não somos somente uma, mas várias nacionalidades em uma só”.
*Estagiário sob supervisão do Severino Francisco
Serviço
Noite de autógrafos com Raul de Taunay
Nesta quarta-feira (24/8), a partir das 19h30, no Bar Beirute (SHCS CLS 109 Loja 2/4)