Duas exposições com aberturas marcadas para este sábado (20/8) trazem para o público a oportunidade de conhecer um pouco mais sobre a produção de arte contemporânea do Distrito Federal. Na Alfinete Galeria, oito artistas da cidade apresentam trabalhos realizados durante uma residência no Vilarejo 21 sob a curadoria de Christus Nóbrega. Na Casa Aerada, Lis Marina faz uma pequena retrospectiva de trabalhos selecionados pelo curador Carlos Lin.
Reunidos para discutir ideias em torno do modernismo e da antropofagia durante uma residência no Vilarejo 21, um grupo de oito artistas trabalhou durante dois meses para produzir as obras expostas em Devorar a antropofagia, na Alfinete. “Foi um processo de imersão discutindo essas questões de antropofagia, da formação da identidade brasileira, dessas cicatrizes com os povos originários”, conta Christus. Com bolsa específica para artistas indígenas, a residência resultou em produção diversa, com linguagens diferentes e um ponto em comum: a serigrafia.
Como havia equipamento disponível para produzir essa técnica de gravação, os artistas aproveitaram para utilizá-las seja em objetos, esculturas, instalações, seja em pinturas e desenhos. “De certa forma, acho que a residência teve um caráter muito experimental. Os artistas não eram artistas que utilizavam a linguagem da gravura. Teve um processo de exploração de novos usos da serigrafia”, avisa Christus.
Na Casa Aerada, no Varjão, Lis Marina mostra obras produzidas entre 2008 e 2022 na exposição Matéria expandida. Divididas em vários núcleos que vão da fotografia a objetos e instalações, a exposição traz uma exploração afetiva e geográfica de materiais cujo sentido repousa na memória e nos locais dos quais foram retirados. “Eles acabaram criando uma linha no tempo em que dialogam de uma forma bastante intensa”, explica a artista.
Muitos dos materiais são recolhidos no próprio jardim da artista ou em caminhadas pelo cerrado. Plantas, ferragens, peças de concreto e cimento costuram uma narrativa na qual Lis Marina faz o que chama de “arqueologia ficcional”. “É um vislumbre do presente que me conecta com o passado e o presente”, diz. Nas fotoperformances, nas esculturas realizadas com concreto, nas torções de folhas de plantas ou nos restos de construção e ruínas de um museu ou de sua própria casa, a artista constrói um repertório de imagens e memórias que evocam Brasília, a passagem do tempo e o movimento.
Serviço
Matéria expandida
De Lis Marina. Abertura neste sábado (20/8), às 19h, na Casa Aerada (Varjão Q 1 CASA 6)
Devorar a antropofagia
Abertura neste sábado (20/8), às 19h, na Alfinete Galeria (CRS 509 Bloco A Entrada 58 W2 Sul)
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