Cultura

Pesquisa Distrito Drag mapeia o circuito drag e transformista do DF

Em parceria com o Instituto LGBT+, o Distrito Drag realizou um mapeamento com performistas drag queens do DF e entorno, que revela dados inéditos sobre a arte transformista da capital

Maria Eduarda Toledo*
postado em 18/08/2022 16:15 / atualizado em 18/08/2022 16:15
 (crédito: Divulgação/Distrito Drag)
(crédito: Divulgação/Distrito Drag)

Com o objetivo de compreender o circuito transformista no DF e Entorno, suas características estéticas, econômicas, sociais e políticas, o Distrito Drag, em parceria com o Instituto LGBT+, realizou uma pesquisa de mapeamento com performistas drag queens, publicada em 9 de agosto de 2022. “Foi uma das pesquisas mais sensíveis que já fiz. Ser uma artista transformista é ter muita coragem. É reconhecer que a arte tem a capacidade de transformar histórias de violência e opressão em riso”, relata o coordenador da pesquisa, Rodolfo Godoi, do Instituto LGBT+.

O estudo aponta que a maioria dos artistas entrevistados vive em regiões periféricas do DF. Além disso, mostra que a atividade é precarizada e que a performance drag é uma ferramenta de libertação de amarras sociais. “A pesquisa sistematizou aquilo que pela nossa experiência já comprovamos: a arte transformista no DF é bastante rica e plural e que as drags se fazem artistas na relação comunitária com outras”, ressalta Hony Sobrinho, criador da personagem Rojava e diretor do Distrito Drag.

  • Drag Amenda Nuddes, criada por Marconi Henrique Divulgação
  • Drag Queen Melina Impéria, criada por Gabriel Henrique Divulgação

A drag queen Melina Impéria, criada por Gabriel Henrique, 25, performa desde os 17 anos anos e conta que a arte drag salvou sua vida. Apesar disso, aponta a dificuldade financeira. Em sua opinião, a arte drag é cara e muitas vezes a remuneração é pouca para o tamanho do gasto. “Eu trabalho apenas como drag. Infelizmente não é tão bem remunerado como gostaríamos, não é uma arte muito valorizada. Se for botar no papel, muitas das vezes a gente paga pra trabalhar”, conta. A Pesquisa de Mapeamento de Artistas Transformistas no Distrito Federal e Entorno revela que o valor médio do cachê recebido para uma apresentação é de R$ 200.

“Só de estar montada já é um ato político, em todos os aspectos. É uma arte de resistência, de lutar contra qualquer tipo de padrão e afins”, completa Melina. Para ela, falta a valorização e o reconhecimento aos artistas locais. “Nos valorizem! Muitos são fãs das drags de fora, as do famoso Rupaul's Drag Race, mas nós, as artistas locais, a gente segue lutando de forma absurda para poder trazer entretenimento e afins, então dê mais apoio às suas artistas”, clama.

Marconi Henrique, 29, criador da drag Amenda Nuddes, afirma que fazer drag significa quebrar todos os padrões que lhe foram impostos e ressalta o papel cultural que essa arte carrega. “Para a sociedade, acredito que a importância seja o contato com a diversidade e a humanização da mesma, pois somos muito plurais. Existem drags que parecem modelos, existem drags que parecem monstros de filmes de terror e muito mais!”.

A Pesquisa de Mapeamento de Artistas Transformistas no Distrito Federal e Entorno tem o objetivo de fornecer subsídios para ajudar a construir instrumentos que fomentem a cultura LGBTQIA+ no DF. “Costumo brincar com a sopa de letrinhas, e dizer que ‘LGBTQueria mais’, e só vamos conseguir mais se estivermos juntas!”, finaliza Rodolfo Godoi.

Para ter acesso à publicação da Pesquisa de Mapeamento de Artistas Transformistas no Distrito Federal e Entorno acesse: DistritoDrag.com

Artistas drags do DF durante o festival Pserformática Drag, realizado pelo Distrito Drag
Artistas drags do DF durante o festival Pserformática Drag, realizado pelo Distrito Drag (foto: Victor Diniz)

*Estagiária sob supervisão de Nahima Maciel 

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