Crítica // De volta à Borgonha ###
Emoções fermentadas
Com uma carreira sedimentada em amores periclitantes, como visto em Albergue espanhol e Bonecas russas, o diretor Cédric Klapisch aposta, no novo filme, De volta à Borgonha, em retratar vindimas e os trâmites e técnicas a darem texturas, odores e sabores aos vinhos; mas, mais que que isso, investe nos bastidores que mantém em pé os negócios de uma fraturada família francesa. Ressentimentos, broncas e um amontoado de recordações se integram ao reencontro entre Jean (Pio Marmaï), Juliette (Ana Girardot) e Jérémie (François Civil), todos irmãos apegados à vinificação, mas àquela derivada de trâmites orgânicos. Saído da Austrália, Jean está em crise amorosa e sente ainda maiores responsabilidades junto aos dois irmãos que teria abandonado.
A metáfora que atravessa gerações — com estudos de colheitas, requintes e trasfega — aponta, no fim, para o fortalecimento entre todos os herdeiros de um falecido pai, sempre muito "opinativo", mas "pouco falante", pelo que
relembram. Entre interessantes demonstrações da feitura do vinho, que abraça qualidades (e defeitos) de teores de açúcar e acidez, o filme se vale de imagens belas elegantes e coloca em plano elevado o amor (que, pelo que observa um personagem, demanda tempo, tal qual o vinho). Com intensa presença cênica, Ana Girardot — que vive a intensa filha do falecido proprietário — tem o complemento forte das presenças dos convincentes Pio (visto em A fratura) e Civil (Amor à segunda vista).
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