A natureza, as paisagens e seus ocupantes são o material para André Santangelo criar as obras de Estratégias para o naufrágio: rumo azul e outras manobras, em cartaz no Museu Nacional da República, a partir de hoje. Com curadoria de Renata Azambuja, a exposição reúne a produção do artista entre 2007 e 2022, com um total de nove séries, e tem um caráter retrospectivo. "A exposição tem um recorte da produção, um recorte que a Renata fez de obras azuis que predominam muito por conta das cianotipias que estou fazendo de dois anos para cá", avisa o artista.
A cianotipia é um dos mais antigos métodos de impressão fotográfica e o artista faz um paralelo entre a história da fotografia e os tempos contemporâneos, quando ferramentas como Google e Instagram disponibilizam uma quantidade gigantesca de imagens de todos os tipos. "A gente tem muito mais imagens agora do que durante a recente história da fotografia", repara Santangelo. "Técnicas mais desafiadoras da linguagem sempre me interessaram. E, nesse pensamento, achei relevante trazer o trabalho das cianotipias."
Entre as obras expostas está um conjunto de fotomontagens produzidas pelo artista constantemente desde 2007. Muitas dessas imagens são realizadas em dupla exposição e em equipamento analógico, mas há também uma boa quantidade realizada com sobreposições feitas no computador misturadas com as cianotipias, uma forma de mesclar técnicas e tempos diferentes.
Um conjunto de imagens realizadas durante o período em que Santangelo viveu na Índia também integra a exposição. É um momento importante na produção do artista, quando a cor começa a surgir com mais intensidade no trabalho, um resquício das paisagens e cenas indianas. "Lá, essa relação com as cores é interessante, parece que elas brotam mais das pessoas, porque lá a paisagem é meio cinzenta, monocromática. Mas a população é mais colorida, nas roupas ou nas interferências no ambiente", conta.
A exposição começa com um recorte azul e muita referência à água, outro elemento importante no trabalho. "Desde sempre a água é muito presente no meu trabalho", avisa Santangelo. Há 20 anos, o elemento aparecia com frequência em seu estado natural, mas, de uns anos para cá, o artista passou a explorar a representação da água. O Lago Paranoá é presença constante nas imagens, sempre fotografado com uma lente macro que acaba confundindo o espectador. "Muita gente acha que é mar", explica o artista. "Quem mora em Brasília tem aquela relação com o mar de uma coisa distante, que só vai acontecer daqui um tempo, quando estiver de férias. Os trabalhos têm momentos de mar mesmo e momentos de tinta, pintura, em que uso essas pinturas para fazer as fotografias."
Estratégias para o Naufrágio: Rumo azul e outras manobras
Exposição de André Santangelo. Curadoria: Renata Azambuja. Abertura hoje, das 19h às 22h, na Galeria Mezanino do Museu Nacional da República (Esplanada dos Ministérios - Brasília). Visitação até 2 de outubro, de terça a domingo, das 9h às 18h30. Entrada Gratuita.
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