Construir uma carreira é como fazer uma grande representação pública da própria trajetória, expondo as crenças, as vontades, os pensamentos e os desejos que vieram no caminho. Quanto mais longa a caminhada, mais faces e perspectivas podem ser mostradas. Na última quinta, o público pôde ver mais uma de um grande artista brasileiro. Djavan mostrou ao mundo o disco D, o 25º da carreira.
O músico, que produziu, realizou os arranjos, além de ter escrito as letras, fez um passeio em toda a trajetória vivida para chegar ao álbum. Ele volta ao início para entender o que ainda faltava ser feito. "Desde o início, cada disco que faço é como se fosse um pedaço de uma obra que eu estou construindo. Eu continuo o mesmo, construindo uma obra" , conta Djavan em entrevista ao Correio.
Mesmo com tantos projetos, Djavan ainda tem o brilho nos olhos de poder falar o que quer para o público que o acompanha. "Para mim, fazer um disco novo não tem sido, até agora, um trabalho exatamente. É um lazer e uma alegria você voltar a cada momento da própria vida a se revelar, a dizer quem você é e o que você pensa sobre as coisas. Para mim, é uma terapia", afirma. "É terapêutico você trazer as mais diversas questões a várias pessoas. Dividir com o público a própria opinião e o próprio posicionamento. Você não pode não se posicionar em relação a tantas questões que envolvem o povo, o Brasil, importantes para sociedade", completa o compositor, que acredita que as próprias opiniões sobre a situação do país e a atualidade estão presentes no trabalho. "Você ter essa chance, essa tribuna, para poder falar e se posicionar é uma coisa que dá um prazer e um certo alento", conclui.
D tem 12 faixas que passam do complexo ao romântico. Em um tom djavenesco que o ouvinte está acostumado, mas sem que soe repetitivo. Há ainda o frescor da música de Djavan vivo. "Esse é um disco cuja mensagem obedece às questões dos novos tempos, as coisas que me envolvem, o que estou vivendo e as questões sociais, ambientais e políticas brasileiras", expõe. "O álbum funciona exatamente para apontar esses assuntos, para que eu possa compartilhar alguma sugestão, direcionamento ou toque para quem está ouvindo", completa.
A mensagem, no entanto, não está apenas presente no falado. Todo o álbum é pensado com carinho para tocar quem o escuta de diferentes formas. "O conjunto da obra destina-se a indicar caminhos, não só por meio das mensagens das letras, mas por meio da parte musical", explica Djavan. "Esta é nossa função como artistas: apontar caminhos."
Djavan fica feliz também por se conectar com os mais jovens que o têm como referência e isso está claro com a forma inventiva que pensou o novo disco. "É um aditivo a quem faz, me induz a fazer mais. Vai ter sempre alguém esperando para ver o que você está criando. É um tremendo de um incentivo", comenta. Este incentivo também estimula o diálogo com os jovens músicos inspirados por ele. "A minha música é muito acessada por músicos, e eu tenho esse prazer de estar sempre trazendo elementos novos", pontua.
Com 73 anos e diversos trabalhos ao longo de décadas de carreira, o músico marcou a vida de várias pessoas no Brasil e no mundo e se sente lisonjeado com o elogio de que existe uma música antes e depois dele no país. "Não há nada mais relevante do que uma coisa como essa. Principalmente vindo de pessoas jovens. Consigo ver dessa forma que minha música é atual, que minha obra é atual, continua relevante e trazendo as pessoas para um conceito musical que é muito pessoal, como dizem, único. Isso me dá muita força", comemora o artista. "Não tem preço. A gente que faz tem isso como um prêmio. É uma grande homenagem ter sempre pessoas interessadas em ouvir o que você faz", complementa.
Tocando milhares
Não é só pelas plataformas que Djavan tem alcançado o próprio público. Com a redução das medidas de segurança sanitária impostas pela covid-19, o cantor pôde reencontrar o público em uma turnê, que passou por Brasília. Agora pensa na nova série de shows encabeçada pelo D. "A próxima turnê estreia no dia 31 de março do ano que vem. Certamente essa nova turnê terá umas cinco ou seis músicas do disco novo, no máximo, hits de todas as épocas e algumas faixas de lado B também de todas as épocas", adianta o artista.
Porém, antes de focar completamente no novo show, ele tem mais duas apresentações para o público que o segue: o Koala Festival em São Paulo e o gigantesco Palco Mundo do Rock in Rio, ambos em setembro. Sobre o show no maior palco do mundo, em que abre a noite capitaneada pela banda britânica Coldplay no dia 10 de setembro, ele mostra que o público vai ter uma experiência única, mas ele também. "O público pode esperar hits. Será uma plateia bem diferente e heterogênea, tudo que é tipo de pessoa. Várias classes sociais, raciais, faixas etárias distintas. Eu farei um show energético, um tiro só. Chegar, bater e depois sair sorrindo de felicidade, porque será um grande show", finaliza.
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