O candidato, segunda ficção do jornalista Rodrigo Alvarez, publicada pela Citadel Editora, conta a história de Almeida, um homem que, após se decepcionar com o resultado das eleições de 2018, decide se mudar do país com a família. Entretanto, após uma chamada telefônica não identificada estragar os seus planos e o levar de volta para o ano de 1958, Almeida se vê responsável pela tentativa de interromper o Golpe Militar.
Em entrevista ao Correio, Rodrigo revelou detalhes da produção e o objetivo de sua nova obra, além de futuros projetos e reflexões sobre o atual momento político do país. “Esse livro é diferente dos meus outros lançamentos, mas ele tem uma coisa em comum com todos eles: a preocupação com a humanidade e para onde estamos indo, com uma perspectiva histórica, que eu sempre tive em todos os meus livros. É olhar para o passado para compreender o presente”, explica Alvarez.
Para ele, o Brasil está passando por um período estranho e improvável. “É pior do que uma ficção pode prever. Se fosse inventar não inventava isso. Ainda tivemos a pandemia da covid no meio e o Brasil governado por um desgoverno. Todo esse horror ainda é cercado de militarismo, sendo que não tem três décadas que a gente se livrou da ditadura, um horror”.
O jornalista conta que a inspiração para escrever O candidato surgiu logo após as eleições de 2018, mas que, inicialmente, não pretendia escrever o livro com o governo atual em andamento. “Eu achava que esse era um livro para 2026. Pensava que, infelizmente, teríamos 8 anos desse governo. Quando eu vi que a coisa estava ficando feia para o lado do Bolsonaro, eu falei ‘bom, eu vou correr’. Acredito que esse lançamento ainda é urgente e fazer isso no meio do período da eleição, não é à toa não, viu?”, revela o escritor.
Rodrigo também manifestou o desejo de que o brasileiro volte a acreditar em seu país e na democracia e que o povo seja, novamente, unido. “A mensagem de O candidato é a de necessidade da gente voltar a gostar e acreditar no Brasil, de retomar o nosso apreço pelas nossas coisas, apesar de tudo que nos foi feito. A gente não precisa ser um povo dividido porque têm divergências políticas. O presente não está bom, mas isso não quer dizer que a gente não possa fazer ele melhorar”.
“A gente acha, às vezes, que a ficção é a criação da mentira, de inverdades, mas na verdade ela é uma maneira de refletir a realidade. Então, a minha proposta foi justamente essa, refletir de uma maneira a sair da discussão do dia a dia que ninguém aguenta mais. Vamos tentar olhar de uma maneira diferente para tudo isso? Vamos voltar no tempo? Vamos lá para 1958, quando tudo parecia perfeito?”, explica Alvarez, sobre a escolha de escrever uma ficção.
Em relação à produção do livro, o jornalista conta que um de seus desafios foi a construção de um personagem que inspirasse empatia e que realmente conduzisse a história. “O Almeidinha acabou sendo bacana porque ele é um nordestino muito interessante e divertido, hiper culto, mas que ao mesmo tempo conhece o Brasil muito bem. Ele é atrapalhado, faz bobagens no caminho e é muito humano, quase que um anti-herói nesse sentido”.
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Durante a aventura de volta ao ano de 1958, Almeida encontra diversas figuras emblemáticas e convive com personagens do passado, como Juscelino Kubitschek, Jânio Quadros e João Goulart, além de ser convidado a escrever letras de músicas da Bossa Nova. “Para quem curte cinema, o livro tem um pouco de De volta ao futuro, mas a lógica da volta ao passado é diferente, um pouco de Forrest Gump, porque o personagem encontra e conhece todo mundo, e tem um pouco de Meia-noite em Paris, do Woody Allen, filme que tem aquela volta nostálgica no tempo, em que tudo parecia maravilhoso”.
“Hoje é o tempo em que a gente pode fazer alguma coisa, em que a gente pode criar, pode produzir, pode fazer o Brasil ser mais interessante e pode acabar com essa merda que nos colocaram. O livro é um chamado também: Acorda! O ano bom é esse! O momento é esse, a hora é agora!”, diz Rodrigo Alvarez, que convida os leitores, ao fim do livro, para uma reflexão.
O candidato tem lançamento marcado para 16 de agosto, em Brasília, na Livraria Leitura do Park Shopping, a partir das 19h e com entrada gratuita. Além da produção de livros, o ex-correspondente da Globo se concentra em novos projetos como a segunda temporada da série Parados na Fronteira, que estreia no dia 18 de agosto, no canal A&E, e o desenvolvimento de um documentário, para Globo Play, sobre a história de Jesus, que será exibido no final do ano.
*Estagiária sob supervisão de Nahiima Maciel
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