A quinta edição do CoMA traz para o palco diversos artistas do quadradinho, como Flor Furacão, ‘akhi huna, Kel e Margaridas, Puta Romântica, Anna Moura e Lubardino que, além de estarem no line-up, terão a oportunidade de apresentar-se em um dos maiores festivais da capital do país, que ocorre entre os dias 4 e 7 de agosto. Apesar do formato quadrangular, Brasília é uma cidade fora da caixa e oferta artistas que passam pelo indie, rock, forró jazz, rap, prova de que a diversidade também é possível na capital do rock.
E essa diversidade não apenas passeia por todos os gêneros musicais como também aborda questões sociais. O CoMA deste ano terá, no elenco, artistas que representam diversas minorias sociais — como Flor Furacão, Puta Romântica e Anna Moura — e que fazem parte da comunidade LGBTQIA+. Cantores que levantam bandeiras do movimento negro, como Kel, Margaridas e Lubardino. Sem contar a descentralização da música local, trazendo figuras das mais variadas Regiões Administrativas do DF. O duo ‘akhi huna, de Sobradinho, é um dos selecionados pela curadoria para representar o entorno de Brasília.
O Correio preparou uma apresentação de alguns desses artistas que valem a atenção de quem pretende ir à festa. Para iniciar, a cantora, compositora e atriz Anna Moura é uma das atrações do CoMA. Em entrevista ao Correio, a artista comenta a possibilidade que o festival proporciona ao público ouvinte e aos artistas. “A oportunidade de trocar vivências, perspectivas e emoções através do meu trabalho em um festival com essa diversidade de artistas é única”, declara Anna. “Acredito que será um encontro cultural muito próspero, estamos com sede de compartilhar arte”, diz.
Além de ser pianista e apresentar-se junto com Anna Moura no CoMA, a cantora brasiliense Flor Furacão também fará show solo. Devota do forró jazz, ritmo completamente dançante criado por ela mesma, Flor fala sobre a emoção de estar no palco do festival. “Pra mim, estar no palco do CoMA é uma grande realização porque já fui, durante muitos anos, espectadora do festival e sempre me imaginei no palco, em colocar o meu trabalho nesse festival”, relata a artista. "Enquanto travesti, é uma grande forma de afirmar e de colocar ali a minha arte que fala muito de mim e por mim”, descreve Flor Furacão, uma das vozes marcantes do movimento LGBTQIA+ no evento.
Para os irmãos Dila Caju e Mansur JP, da dupla de rock psicodélico ‘akhi huna, o sentimento não é diferente. Selecionada para o line-up do CoMA, a dupla participa da seletiva de um festival na Colômbia. Dila Cajú fala sobre a emoção de tocar no evento. “É uma grande satisfação ter sido chamado pra tocar nesse festival porque estão, além de referências claras pra gente dentro do universo da música, outros colegas que têm movimentado a cena do Distrito Federal”, diz o cantor.
Cantora paraguaia com um pezinho candango, Victoria Carballar (Puta Romântica) pisa no palco do CoMA como artista expressiva do movimento LGBTQIA+. Segundo ela, as curadorias geraram mais espaço para artistas diversos. “Eu não acho que isso seja algo extraordinário ou de se aplaudir. Uma curadoria que abre espaço para artistas diversos e novas vozes não faz nada mais que o seu papel”, dispara a cantora. “A arte é diversa por si só, chamar artistas de diferentes camadas é apenas fazer aquilo que a própria arte exige”, completa Victoria. A cantora ainda relata como são os processos de produção e composição das letras que canta. “Quando sinto que algo está me levando para lugares que conflitam meus sentimentos, é quando eu escrevo, eu leio, escuto, e assim, vendo essa fotografia, começo a entender que tenho outras possibilidades e caminhos e assim vou construindo um corpo mais confortável para morar”, garante.
Kel e a dupla Margaridas, composta pelas irmãs Maria Paula e Sabrina, sobem ao palco do CoMA em um show conjunto. “Estamos trabalhando nesse show, acredito, que dois meses ou mais e está sendo uma experiência muito incrível pra todos nós'', diz Maria Paula. “Nós damos um valor gigantesco porque, se não fosse por essa curadoria que traz tanta diversidade, talvez nós não estivéssemos nessa line-up, porque somos artistas novos e eu acho isso extremamente importante, dá mais visibilidade à cultura do Distrito Federal”, completa Maria Paula.
O cantor e compositor Kel fala sobre a importância de investir em artistas dos diversos gêneros musicais e sociais. "Quando as curadorias de grandes festivais abrem os olhos para esses artistas e nichos, todo mundo tem a ganhar, o festival, o artista tem a ganhar, então é uma forma de estar fomentando isso na cena”, afirma Kel.
Diversidade regional e local
Além dos diversos gêneros musicais e sociais, o CoMA deste ano tem como marco a descentralização da música local. Um dos grandes exemplos disso é o cantor Lubardino que reflete sobre o espaço que o festival tem gerado para todos. “É uma responsabilidade para mim e para o meu trabalho muito grande. Vários nomes bons no line-up, vários nomes bons fora do line-up e poder ocupar esse espaço, vindo da periferia, é uma prova da resistência do som feito independente”, diz Lubardino. O cantor fala ainda sobre as fortes influências que teve de alguns cantores que estarão no festival também. “Vou dividir o festival com vários nomes que me influenciaram muito na vida, como Gal Costa e Marechal. É uma honra poder vivenciar esse momento, junto!”, diz o cantor.
O cantor Dila Caju, do duo ‘akhi huna, também celebra a importância de serem abertos esses espaços de contribuição artística. “A gente fica feliz em representar e ser representado por outros artistas também dos arredores aqui do Distrito Federal. A música nada mais é do que um instrumento de vanguarda, de transformação, principalmente quando parte das periferias e da juventude”, declara o músico.
Ao longo do mês, o Correio tem feito, nos meios on-line e impresso, um passeio entre as atrações do Festival CoMA, traçando um retrato dos artistas e a relação com Brasília e o evento. Entrevistas com Remobília, Vitor Ramil, Braza, ÀTTØØXXÁ, Urias e Rico Dalasam já estão disponíveis.
Colaborou Pedro Ibarra
*Estagiário sob a supervisão de Nahima Maciel
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