Fotografia

Mila Petrillo inaugura exposição com registros de projetos sociais

Exposição de Mila Petrillo na Galeria Marcantonio Vilaça reúne 157 fotografias realizadas ao longo de 15 anos junto a projetos sociais de arte e educação

Nahima Maciel
postado em 02/08/2022 11:55 / atualizado em 02/08/2022 11:55
 (crédito:  Mila Petrillo/Divulga??o)
(crédito: Mila Petrillo/Divulga??o)

Foi com o projeto Axé que a fotógrafa Mila Petrillo se encantou pelas ações educativas ancoradas em arte e cultura para crianças e adolescentes em situações vulneráveis. Em 1993, ela desembarcou em Salvador a convite do jornalista Gilberto Dimenstein para registrar as ações do Axé com o patrocínio da Kodak. Ficou duas semanas e preencheu rolos inteiros de negativos. Nos anos seguintes, Mila percorreria o Brasil para outros registros. No total, passou 15 anos da vida de fotógrafa realizando as imagens de mais de 30 projetos por todo o país. São eles que hoje estampam a exposição Arte de transformação, em cartaz na Galeria Marcantonio Vilaça, no Centro Cultural do Tribunal de Contas da União (TCU).

São 157 fotos que, em 2007, renderam o livro Arte de transformação, publicado pelo Sesc, e agora são reunidas com curadoria de Bené Fonteles. Impressas em diversos tamanhos e com ampliações em fine art, as imagens são verdadeiros documentos de como a inserção social pela arte e pela cultura têm o poder de mudar vidas e remodelar uma sociedade. “O que eu vi acontecer ali, o potencial de transformação real de realidades extremamente duras e dolorosas numa coisa tão forte”, conta a fotógrafa. “Mesmo diante do profundo abandono, a desesperança foi transformada em potencial criativo, em capacidade de relacionamento muito real e verdadeira numa potência muito grande.”

Mila conta que o projeto Axé criou toda uma pedagogia graças ao trabalho de seu fundador, Cesare La Rocca, e de Paulo Freire. “É uma pedagogia chamada de pedagogia do desejo”, explica a fotógrafa. O método se baseava na realidade das crianças acolhidas que, muitas vezes, traziam angústias como a incerteza de estarem vivas no dia seguinte. “Todo o trabalho da pedagogia é tornar esses jovens desejantes e a arte, mais do que um auxiliar da educação, a protagonista da educação, especialmente nesse contexto. E vi tudo isso acontecendo na realidade, não era teoria”, conta Mila, que pretendia ficar cinco dias e passou duas semanas no projeto.

Daí em diante, esse tipo de ação passou a fazer parte da agenda da fotógrafa. “Fui me envolvendo com o trabalho dessa natureza que, naquele momento, no Brasil, era uma coisa impressionante, com uma quantidade de projetos espalhados pelo país inteiro, com resultados incríveis na educação e na transformação das pessoas e com resultados incríveis de produtos artísticos de muita qualidade”, garante.

  • Fundação Brasil Cidadão — Icapuí, Ceará Mila Petrillo/Divulgação
  • Pracatum — Salvador, Bahia Mila Petrillo/Divulgação
  • Projeto Cria — Salvador Bahia Mila Petrillo/Divulgação
  • Palhaço do Projeto Cria - Salvador Mila Petrillo/Divulgação
  • Cia Étnica de Dança — Rio de Janeiro-RJ Mila Petrillo
  • Tapera das artes — Ceará Mila Petrillo/Divulga??o
  • Praia do Canto Verde — Ceará Mila Petrillo/Divulga??o
  • Projeto Axé — Salvador, Bahia Fotos: Mila Petrillo/Divulgação

Segundo a fotógrafa, as iniciativas mudaram a maneira como se trabalhava arte e educação em projetos sociais. A ideia era a de que os acolhidos, egressos de situações de total penúria, precisavam do melhor possível para vislumbrarem novos horizontes. “Então os projetos começaram a trabalhar com essa ótica, com os melhores educadores”, diz. O Axé na dança e na arte, o Edisca, de Fortaleza, na dança, o Cria, de Salvador, com o teatro, e outros que Mila lista com orgulho: Balé de Rua, Cia Étnica de Dança, Afro Reggae, Tapera das Artes, Brasil cidadão, Pracatum, todos representados na exposição. “O Axé foi minha grande inspiração e essa exposição é minha homenagem ao La Rocca”, avisa Mila.

Arte de Transformação - Parte I
Exposição de Mila Petrillo. Curadoria | Bené Fonteles. Abertura hojem às 19h, na Galeria Marcantonio Vilaça - Centro Cultural TCU (Setor de Clubes Esportivos Sul Trecho 3). Visitação até 15 de outubro, de segunda à sexta, das 9h às 18h, e sábado, das 10h às 17h.

Notícias pelo celular

Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.


Dê a sua opinião

O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação