A cantora Martha Freitas celebra mais de 30 anos de carreira musical com a nova turnê, Cantos e impressões. Os shows têm data marcada para quarta-feira (3/8), no Teatro do Sesc Garagem, na Asa Sul, com horários diferentes para público geral e para pessoas com deficiência (PCDs). Martha retorna novamente no dia 27 de agosto, no Centro de Educação Especial 2, também na Asa Sul. O projeto conta com patrocínio do Fundo de Apoio à Cultura do Distrito Federal (FAC).
Nascida em 1965, Martha é brasiliense, formou-se na Escola de Música de Brasília e trabalha como professora de Língua Portuguesa há 29 anos. Tem contato com a música desde os 10 anos de idade, quando começou a estudar piano. Durante a adolescência, a artista passou por um processo traumático, após submeter-se a um longo tratamento e obter uma grave lesão medular, que a obrigou a utilizar cadeira de rodas. Depois de reabilitada, Martha entrou para o Coral Cantus Firmus, no qual firmou-se como cantora e acumulou uma trajetória de vasta experiência musical.
O começo de tudo, no entanto, não nasceu de um desejo inicial da cantora. “Foi uma coisa bem fora da caixinha, não foi bem vontade própria”, revela. Ela praticava natação em uma Organização Não Governamental (ONG) que formava atletas olímpicos e, após um momento de aleatoriedade, ofereceu ajuda para uma professora de música que lá estava. “Ela olhou na minha cara e perguntou: ‘Você sabe cantar? Canta aí pra mim’. E eu cantei Caçador de mim, do Milton Nascimento… Atualmente canto no coral da Universidade de Brasília (UnB) e, nesse percurso, descobri que gosto muito, me aventurei.”
Para comemorar a vitoriosa trajetória, a compositora criou Cantos e impressões como uma maneira de incluir as pessoas que também carregam consigo algum tipo de deficiência. Para ela, a acessibilidade vai muito além: “É preciso questões atitudinais. As pessoas acham que o problema das pessoas com deficiência é só rampa, costumam simplificar dessa forma. Questões artísticas são mais complicadas ainda”.
Para a cantora, os espaços culturais em nada facilitam e estimulam a inclusão dessas pessoas no meio artístico e, por isso, seu projeto objetiva aumentar a inclusão desse público. “É importante que a gente ocupe esses espaços e que isso seja coisa natural, não seja imposto. A partir do momento que é natural, a pessoa se sente empoderada para dançar, cantar e fazer o que quiser”, aponta Martha.
A opção da artista foi criar shows à parte para PCDs, com entradas gratuitas, acessibilidades para cadeirantes e interpretação em libras. Toda a execução do projeto também foi pensada e orientada junto a uma neuropedagoga especializada em coordenar a acessibilidade de pessoas com deficiência. “Tivemos muita dificuldade em encontrar um teatro que tivesse acessibilidade total. Para a gente aceitar o SESC Garagem, a gente foi lá para ver se era possível fazer a apresentação”, diz a artista.
Na turnê, Martha exibe releituras clássicas em versões populares, além de interpretar canções eruditas brasileiras, autorais e clássicas de diversos artistas. “Finalmente eu vou conseguir divulgar as canções brasileiras eruditas e misturar com as canções de bossa nova e samba, mostrando como a gente pode aprender uma coisa nova, diferente”, conclui.
Saiba Mais
O show tem 1h30 de duração e as apresentações serão em Brasília e no Rio de Janeiro.
Confira a programação confirmada até o momento:
Quarta-feira (3/8), às 15h, sessão gratuita para o público PCD no Teatro do SESC Garagem (SEPS 713/913) - Asa Sul, Brasília.
Quarta-feira (3/8), às 19h30, no Teatro do SESC Garagem (SEPS 713/913) - Asa Sul, Brasília.
Sábado (27/8), às 11h, sessão gratuita no Centro de Educação Especial 2 (612 SUL) - Asa Sul, Brasília.
*Estagiário sob a supervisão de Nahima Maciel