POLÍTICA

Fátima Bernardes diz não sentir falta do Jornal Nacional devido a polarização

A jornalista disse ter compaixão pelos colegas repórteres e ressaltou a importância da imprensa

Jornalista atuante por 25 anos em noticiários diários, Fátima Bernardes diz não sentir vontade de voltar a cobrir notícias no Brasil. Questionada pela apresentadora Vera Magalhães, durante o programa Roda Viva desta segunda-feira (25/7), se ela vê diferença no cenário político atual com os anos em que ela cobriu, Fátima diz que sim e que tem “compaixão” dos colegas repórteres.

“É muito diferente. Isso faz com que eu não tenha saudades da vivência diária. Tenho muita compaixão dos meus colegas do Jornal Nacional, dos repórteres, de todas as pessoas que estão nas ruas”, declarou.

A apresentadora diz, inclusive, que no cenário atual, a imprensa é essencial. “É uma atividade tão necessária, acho que mais necessária do que em qualquer outro momento e não tá fácil. Acho que isso me faz não ter a coceirinha de vontade de tá cobrindo isso neste momento não”, disse.

Fátima também opina sobre os motivos pelos quais a imprensa conseguiu ser desaprovada pelo público a partir de argumentos de políticos que atacam as emissoras. “Acho que em algum momento a gente comunicou mal, comunicou pouco, explicou pouco o que a gente faz e de que maneira faz”, opinou.

“As pessoas recebem uma notícia da filha no Whatsapp e acham que aquilo é informação. Por mais boa vontade que a filha tenha tido em repassar a mensagem, às vezes inocentemente, aquilo não é informação”, acrescentou. Fátima também disse que demorou até que as agências de checagem fossem estabelecidas e levadas a sério dentro do jornalismo brasileiro.

“Quanto tempo demorou pra gente ter agências de verdadeiro ou falso, de descobrir fake news, né? Demorou muito. E até no próprio trabalho de jornalismo de entretenimento alguns colegas fazem pouco caso na checagem de informação”, pontuou.

Para combater o cenário de desinformação e proteger a imprensa, Fátima diz que é preciso fazer o público conhecer o trabalho dos jornalistas. “Eu acho que a gente precisa cada vez mais falar com o que a gente trabalha, nossa matéria prima, que é a informação, e a informação não tem lado, ela é informação, é o que tá ali. Acho que agora estamos correndo com isso [de falar sobre o que a imprensa faz]”, concluiu.

Fátima é a entrevistada da edição desta segunda-feira (25/7) do Roda Viva, programa da TV Cultura apresentado por Vera Magalhães. Na bancada estão as jornalistas Luanda Vieira e Silvia Ruiz; o diretor de redação da GQ Brasil Daniel Bergamasco; a redatora-chefe da revista Marie Claire e o colunista da Folha de S. Paulo Tony Goes.

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