Há uma conversa entre escultura e arquitetura no conjunto de obras da exposição Mundos concretos, líquidos e gasosos, em cartaz na Casa Albuquerque. É uma conversa poética, mas também muito palpável. Com uma série de 23 obras, Matias Mesquita e Adriana Vignoli propõem ao visitante um passeio pelo universo do que não se pode controlar, do que é fluido e do que escapa. "Foi um encontro muito feliz", avisa Mesquita.
Companheiros na vida e no ateliê, ambos de Brasília, Matias e Adriana se engajam em um diálogo que vai dos materiais às narrativas."Por um lado, o trabalho da Adriana tem algo anterior que vem da formação dela de arquitetura, que traz elementos na construção das peças e isso na minha produção é escancarado. Quem olhar as obras vai ver seu aspecto escultórico e arquitetônico proeminente", explica o artista.
As esculturas de Adriana são fruto de processos complexos, que têm início no pensamento arquitetônico resultante de uma das formações da artista. "O trabalho começa com um projeto mesmo, um desenho que utilizo a partir de uma ferramenta da arquitetura, que é o autocad, numa concepção quase utópica", diz a artista. "A escultura é um desenho que acontece no papel, depois vai para o autocad, lida com pesos, suspensões, proporções e encontro de materiais."
Ferro fundido, vidro e plantas formam a base do material utilizado nas esculturas, mas é sobre a cura por meio das plantas que Adriana pretende refletir. "Isso sempre esteve presente, desde os primeiros trabalhos, talvez não de maneira tão consciente", avalia. Os próprios materiais dão um indício: há terra, água, borracha, incorporada depois de observar a quantidade de látex usado em hospitais durante o acompanhamento do tratamento de câncer da mãe. E as plantas, presentes fisicamente ou em desenhos. "Esses materiais aparecem sutilmente. As esculturas têm um processo de transformação, de transmutação", garante a artista. "Essas plantas estão ali como personagens principais da escultura, são a vida da escultura. Esse processo de cura está mais forte a partir dessas plantas, dessas biologias, vou buscando cada vez mais plantas que tenham processo de cura."
Os gasosos do título da exposição saltam aos olhos nas pinturas em concreto de Matias Mesquita. As nuvens que o artista tenta apreender são quase impossíveis de serem registradas, tamanha é a velocidade da mudança de sua configuração no céu. É esse efêmero que interessa ao artista. As pinturas são realizadas sobre blocos de concreto milimetricamente planejados, como se Matias quisesse ter controle total desse material, já que não o tem sobre a paisagem. "Trago esses elementos escultóricos arquitetônicos para a produção, mas tentando fazer uma espécie de um resgate que é extremamente humano que é a construção desses lugares de contenção, desses sistemas de contenção para conter algo que é quase impossível de ser contido. Como as passagens das nuvens, algo em processo de transformação constante", analisa.
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Mundos concretos, líquidos e gasosos
Exposição de obras de Adriana Vignoli e Matias Mesquita. Visitação até 13 de agosto, de segunda a sexta-feira, das 10h às 19 h, e sábado, das 10h às 13h, na Casa Albuquerque Galeria de Arte (SHIS QI 05 bl. C lj. 09 - sobreloja - CL)
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