Se tem uma situação em que a expressão "a volta dos que não foram" faz sentido é com a banda Remobília."Somos uma banda que está começando, mas temos toda uma bagagem que nos moldou e vocês conhecem como Móveis", afirma Esdras Nogueira, um dos integrantes do grupo. Ele se juntou aos ex-membros do Móveis Coloniais de Acaju, André González, Beto Mejía, Fernando Jatobá e Gustavo Dreher para o novo projeto Remobília, que começa a carreira com Ponto final, primeiro álbum como conjunto.
O lançamento foi disponibilizado para o público nas plataformas digitais na última sexta-feira. O projeto tem nove faixas e conta com participações de artistas como Moreno Veloso, Frank Jorge e Kimani. O disco se chama Ponto final porque é parte de um novo início desses artistas que já faziam sucesso em Brasília. "A gente é um monte de artista velho fazendo um negócio novo, isso é muito doido", afirma Esdras.
O disco tem uma sonoridade nova, com referências da música eletrônica, vaporwave e com um frescor de uma produção mais nova. O álbum mostra novas facetas de todos os integrantes. "É um disco com várias vozes, as músicas têm todo mundo muito ativo", avalia Nogueira. "Foi um processo muito legal de união do grupo e de pensar sobre o que há de novo", complementa o músico. "A gente conseguiu fazer com que a banda soasse como banda com cada um em sua própria casa", conclui Gustavo Dreher, lembrando que boa parte do disco foi feito em meio às regras de distanciamento e isolamento social da pandemia.
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No entanto, o grupo não deixa de ter o passado na própria essência. "É muito óbvio que o DNA do Móveis esteja no Remobília, porque a gente está lá", pontua André González. Ele diz que eles chegaram até a pensar em retomar o nome inicial da banda, mas se depararam com o fato de que a música que fazem não é mais a mesma. "Tem uma maturidade da gente como artista presente, mas, ao mesmo tempo, tem uma aventura em espaços experimentais que isso nunca existiu no Móveis", reflete o vocalista da banda.
O reinício
Os indivíduos do Móveis nunca se distanciaram definitivamente. Eles colaboraram nas carreiras solos uns dos outros e, mais importante, continuaram amigos e se falando. Com uma demanda por shows do Móveis Coloniais de Acaju na cidade, André, Esdras, Beto, Gustavo e Fernando viram a oportunidade de mostrar o que estavam fazendo e matar a saudade das canções que tocaram durante muitos anos. Dessa faísca surgiu a ideia de um show, que seria intitulado Remobília.
O CoMA foi o lugar escolhido para vender esta apresentação. Porém todos já haviam tocado de forma solo ou em novos projetos no festival, era necessário mais. "Em 2020, a gente vendeu esse show para o CoMA, mas todos os projetos solos já tinham tocado no festival. O Diego Marx [produtor do evento], falou conosco que seria legal ter um single, para aquecer", lembra André. O single virou três músicas, que ganharam companhia e viraram um EP. Com chegada da pandemia, para se manterem ativos continuaram produzindo canções, que se tornaram o Ponto final.
Em 2022, o tal show finalmente chega ao CoMA e os artistas se preparam há quatro meses para o show que farão no domingo 7 de agosto, dia do encerramento do evento. "A gente está na alegria de fazer isso tudo, é uma diversão. Estamos preparando um show incrível", comemora Esdras. "Voltar a fazer isso que a gente ama, ainda mais com esse grupo, está sendo muito massa e vai ser mais massa ainda lá no CoMA", adiciona. "É uma coisa de doido pensar que a gente vai fazer nosso primeiro show como banda em um evento como esse, geralmente é em casas para 50 ou 100 pessoas. A gente vai logo para um festival grande", brinca Nogueira, que garante as músicas do álbum novo e da carreira com o Móveis na apresentação.
"No final das contas a gente mantém a mesma ideia, que é saber que o importante é a troca entre nós e com o público", entende González. Eles deram um passo atrás para voltar para o lugar que lhes é de direito, que eles se acostumaram a estar. "A gente vivenciou uma etapa de ruptura. Então, a ideia é de um ponto final que representa um início", acredita o vocalista.
Ao longo do mês, o Correio fará, nos meios on-line e impresso, um passeio entre as atrações do Festival CoMA, traçando um retrato dos artistas e da relação com Brasília e o evento.
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