Noélia Ribeiro, pernambucana de nascença e brasiliense na poesia, lança nesta quarta-feira (26/7), no Beirute da Asa Sul, a mais nova coleção de poemas: Assim não vale. Expoente da Geração Mimeógrafo local, corrente da poesia marginal da década de 1970, o lançamento chega cinco anos após Espevitada (Editora Penalux), que encerrou a trilogia formada, ainda, pelos livros Atarantada (Verbis, 2009) e Escalafobética (Vidráguas, 2015).
Ao Correio, a poeta afirma que as longas "pausas" são parte do próprio processo. "Eu tenho uma característica do humor que eu trago da minha convivência com a Geração Mimeógrafo, então eu acho que neste livro ainda tem alguns pequenos poemas de humor, mas o livro está mais melancólico."
O livro começou a tomar forma antes da pandemia da covid-19, mas Ribeiro aponta que alguns temas naturalmente passaram a compor seu universo temático. "Eu me abri e foi vindo, tudo mudou ao meu redor e eu não podia ficar de fora, mas não foi intencional. Foi natural falar da quarentena, dos mortos, das questões femininas. E sem deixar de falar do discurso amoroso, da crueldade do discurso amoroso", explica.
Segundo Noélia, mesmo com diferentes temas e escritores guiando seus versos, a rebeldia e o humor da poesia marginal ainda estão presentes na escrita que apresenta. "O que eu acho forte na Geração Mimeógrafo foi a rebeldia e humor. Eu não perdi isso. Eu demorei a entender. Quando me perguntavam quais são as minhas influências, respondia Drummond, Mário Quintana. Às vezes, você não percebe a influência, o outro que lê e percebe mais que você."
Brasília é o território da recifense e, definitivamente, influencia a produção artística de Noélia, que vive na capital desde 1972. "Eu me vejo poeta em Brasília. Eu era muito nova e vi a minha poesia sendo criada de verdade aqui. Logo que cheguei, conheci os músicos, depois, eu conheci os poetas. Então, desde nova tenho essa entrada muito boa na comunidade artística daqui."
Assim não vale entrega poesias que valem, compondo o vasto e corpo de trabalho da autora. "Eu acho que eu vou continuar aqui na minha estradinha, fazendo os poemas que eu gosto, já tem muita gente que me lê e que gosta. Costumo falar que estou em todas, se me chamarem até em reunião de condomínio declamo o poema", finaliza.
*Estagiária sob a supervisão de Severino Francisco
Assim não vale
De Noélia Ribeiro. Lançamento, hoje, a partir das 19h, no Beirute da 109 Sul.
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