PERU

Vídeo de stripper brasileiro interrompe audiência sobre corrupção no Peru

A gravação, originalmente criada em 2018, dessa vez foi reproduzido pela conta do advogado de Pedro Castillo, presidente do Peru

Um vídeo do stripper brasileiro Ricardo Milos interrompeu uma audiência virtual sobre corrupção no governo peruano, nesta quarta-feira (15/6). As imagens do dançarino seminu, apenas de sunga fio-dental e bandana vermelha na cabeça, foram transmitidas pela conta do escritório do advogado de Pedro Castillo, presidente do Peru.

O vídeo do striper foi reproduzido pela conta "Assistência Estúdio Espinoza Ramos", de propriedade do advogado penal Benji Espinoza Ramos, que atua na defesa de Castillo no caso de envolvimento em esquema de corrupção — junto com o ex-ministro de Transportes e Comunicações, Juan Silva.

O fato aconteceu justamente no momento em que o procurador Samuel Rojas apontava os motivos pelos quais o presidente Castillo deveria ser investigado. Durante a argumentação de Rojas, as imagens de Milos dançando de sunga com estampa da bandeira dos Estados Unidos foram transmitidas e causaram constrangimento ao procurador. “A conta do advogado está nos mostrando imagens muito sugestivas [...] não sabendo qual o motivo”, falou.

No Twitter, o advogado do governante peruano negou a participação de alguém do escritório na transmissão do vídeo. “Existe um ataque sistemático às audiências virtuais no Peru. Hoje foi transmitido o mesmo vídeo na audiência de tutela (caso Pedro Castillo) e na audiência do caso do ex-presidente Ollanta Humala”, contou Espinoza. Segundo ele, diversas denúncias foram feitas sobre o mesmo problema em outras regiões do país. “Isso não ocorre somente nas audiências de casos emblemáticos, é uma prática recorrente que não tem fim”, alegou.

As imagens fazem parte de um vídeo com duração de mais de dois minutos, que viralizou na internet em 2018 e virou meme entre os internautas. O advogado de Castillo argumentou que esse mesmo take do stripper foi reproduzido em audiências de prisões preventivas e em outros dois casos de audiências virtuais. De acordo com as declarações feitas por Espinoza, isso demonstra a fragilidade no sistema de audiências on-line no Peru. “É importante refletir sobre a vulnerabilidade do sistema de audiências virtuais no nosso país”, disse Benji, insinuando que a transmissão do vídeo seria responsabilidade de um ataque hacker.