Cheio de polêmicas e tensões, o embate jurídico Johnny Depp vs. Amber Heard viralizou na mídia, com alta mobilização e expectativa. A briga do casal na justiça esteve centrada no fator difamação. Por fim, tanto Depp quanto Amber partilharam vitórias e derrotas, frente aos jurados. Na contabilidade, dado o veredicto, o ator terá indenização de US$ 8,35 milhões. Originalmente, seriam US$ 10 milhões por danos compensatórios e mais US$ 5 milhões advindos de danos punitivos, totalizando US$ 15 milhões. Houve, porém, abatimento, frente a leis do estado da Virgínia, que limitam o valor das indenizações desse tipo. Já Amber terá direito a US$ 2 milhões, em danos compensatórios. Depp não compareceu à leitura da sentença, na tarde desta quarta-feira. Vestida de preto, e com semblante triste, Amber se pronunciou, trazendo a público a percepção do perpetuar de injustiças reservadas às mulheres na sociedade, aparentemente, dominada por homens. "(O julgamento) atrasa a ideia de que a violência contra as mulheres deve ser levada a sério", sintetizou.
Depp, aos 58 anos, processou a ex-esposa por ter escrito um artigo para o jornal americano The Washington Post, onde alegava ser vítima de violência doméstica. O último dia de julgamento transcorreu na última quinta-feira e as argumentações finais despontaram no dia seguinte. A finalização do espetáculo público, ontem, trouxe punições somadas na ordem dos US$ 17 milhões. No processo, o ator pedia US$ 50 milhões. Heard não citou nomes no artigo e, no Twitter, esclareceu que o texto pretendia evidenciar o preço que mulheres pagam ao registrarem efeitos dos homens no poder. Os advogados de Depp demonstraram o impacto do artigo, prejudicial à reputação e à carreira do cliente, com repercussão avassaladora. Amber Heard optou pelo artifício de processar o ex-marido de volta — numa ação calibrada em US$ 100 milhões. Alegou sofrer "violência física e abusos desenfreados".
Em 2019, Johnny Depp fracassou, ao tentar derrubar um processo movido por Heard, de igual valor. No ano seguinte, perdeu a ação contra o tabloide The Sun, por tê-lo chamado de "espancador de esposas". O novo processo norte-americano teve início em 11 de abril, no Tribunal do Condado de Fairfax, na Virgínia. O estado é sede para a publicação do Washington Post, e tem tradição em pareceres favoráveis à acusação dos ditos difamados. O antigo casal, entretanto, mora na Califórnia.
Semanas de testemunhos compilaram depoimentos discrepantes em torno da convivência tumultuada, no breve casamento. Amber Heard demarcou que o ex-cônjuge usava drogas em excesso, acumulava raiva e ciúmes extremados e pendia à automutilação. Já Depp afirmou ser vítima de rotineiras agressões verbais, emocionais e físicas. Segundo declarou, nunca abusou de Amber nem de outra mulher. Ele detalhou as supostas agressões: "Ela me socou e chutou. Repetidamente jogou objetos em meu corpo e cabeça, incluindo garrafas pesadas, latas de refrigerante e de tinta, velas acesas e controle-remoto de tevês". No embasamento, relembrou confusões com Piratas do Caribe 5, quando uma visita da ex-esposa teria ocasionado discussões sobre um acordo pós-nupcial. Doses de vodca consumidas por Depp teriam ocasionado a ira da atriz: o arremesso de uma garrafa gerou estilhaços que cortaram a ponta do dedo do então marido.
O escandaloso site TMZ revelou a colocação de fezes na cama do casal, por parte da atriz, para incitar desentendimento. "Minha reação inicial foi rir", disse o ator, quando da apresentação de fotos no julgamento. "Era uma coisa tão fora, tão bizarra e tão grotesca que eu só conseguia rir", pontuou. A alegação de que os dejetos seriam de cachorros foram contestadas, dado o tamanho dos animais.
Casos relatados por Amber Heard, na defesa, trouxeram vivências desastrosas, como quando estavam a bordo do trem Orient Express (Ásia), logo após o casamento. Ela teria sido agarrada pelo pescoço, no dormitório. A atriz descreveu ainda a "semana infernal" em que Depp, sob acesso de ciúme, teria desferido um soco e a jogando contra móveis, ao saber de uma futura parceria dela com James Franco. Entre lágrimas, Amber disse aos jurados que provavelmente não sobreviveria, caso seguisse casada. "Eu realmente não queria deixá-lo; o amava muito", confidenciou.
Antes do massacre
O casal se conheceu no set de filmagens de Diário de um jornalista bêbado (2011), e começou a namorar no ano seguinte. A respeito das interações iniciais com Depp, Amber Heard o descreveu como muito carismático. O clima de paixão foi concretizado durante a turnê de divulgação do longa. O casamento se deu em 2015, e veio regado ao uso de drogas por ambos. O divorcio despontou em 2017. Comentários negativos feitos pelo ator, em 2012, antecederam as suposta primeiras agressões. Brigas se tornaram frequentes. Tapas e constantes "desaparecimentos" do ator foram relatados pela atriz. Depp se defendeu tachando a retirada de estratégica para fugir da esposa. "Me trancava no banheiro", explicitou, demarcando escalada de ira, raiva e ataques da ex-companheira.
"Era minha responsabilidade me defender, não apenas por mim, mas também pelos meus filhos. Queria limpar meus filhos dessas coisas horríveis que eles tinham que ler sobre seu pai, que não estavam corretas"
* Estagiárias sob a supervisão
de Severino Francisco.
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