Soraya Ursine*
Aberto pelo delegado geral do Festival de Cannes, Thierry Fremaux, o debate Qual o futuro do cinema?, marcou o evento, no Palácio dos Festivais, com grandes cineastas como Claude Lelouch, Gaspar Noé, Costa-Gavras e Kleber Mendonça Filho.
A crise atinge produtores, realizadores e, principalmente, os distribuidores e salas de cinema, que correm o risco de fechar as portas devido ao movimento de mercado e às novas tecnologias que levam produtores e cineastas a produzirem para as plataformas de streaming. A crise no setor de produção e distribuição atingiu diretamente o Festival de Cannes este ano, que trouxe uma seleção sem nenhum filme latino-americano, por exemplo.
Durante o debate, Claude Lelouch foi incisivo: “Eu acredito na câmera, cada vez que há uma mudança tecnológica, ela possibilita fazer uma imagem diferente — o cinema muda, e vem uma Nouvelle Vague”, comentou, com ironia, um dos pais do movimento francês que, propagado nos anos de 1960, mudou o cinema mundial.
Orquestrado por Fremaux, o debate levantou questões que foram respondidas com diferentes perspectivas, mas com uma única certeza: a mudança é inevitável. "Não se pode prever se as salas vão sobreviver e como, mas é preciso fazer cinema atrativo para este novo público jovem, que está habituado a esta nova tecnologia", disse o presidente da Cinemateca Francesa, Costa-Gavras. “Seria interessante que um projeto de educação colocasse o cinema para ser estudado em salas de aula, como estudamos literatura e matemática. Assim o espectador vai aprender a ler o filme”, sintetizou.
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* Especial para o Correio