Música

Banda britânica The Kooks comemora 15 anos do disco de estreia no Brasil

Grupo se apresenta em São Paulo e no Festival MITA do Rio de Janeiro em um show especial 15 anos do álbum "Inside in/Inside out", que marcou a estreia da banda

Atores do processo de popularização do gênero indie no mundo, a banda The Kooks chega ao Brasil para duas apresentações. O grupo britânico comemora os 15 anos do álbum de estreia, Inside in / inside out, com uma turnê especial do disco. Os artistas tocam no Espaço Unimed, em São Paulo, nesta sexta-feira (20/5), e no Festival MITA, no Jockey Clube do Rio de Janeiro, no sábado (21/5).

Há quatro anos sem vir ao Brasil, Luke Pritchard (vocal e guitarra), Hugh Harris (guitarra), Peter Denton (baixo) e Alexis Nunez (bateria) prepararam um show regado pela saudade que sentiam dos palcos, assim como o público da banda. “Nós estamos celebrando os 15 anos do nosso primeiro álbum, então, predominantemente, estamos trazendo nostalgia”, afirma Luke em entrevista ao Correio. Ele diz que é uma busca para serem mais positivos. “Nós estaremos trazendo um clima de positividade, vai ser praticamente só nostalgia e uma positividade recém descoberta”, conta.

Luke acredita que este é o momento para um evento como o MITA, já que os shows estão voltando e as pessoas estão tendo a oportunidade de se reencontrar com a música. “Para mim música é sempre a resposta. É algo que, na base, une todas as coisas, música é remédio, uma medicação muito importante e necessária agora, especialmente música ao vivo”, pontua o músico em referência à sigla do festival, que significa Music is the Answer, Música é a resposta em tradução literal. “Quando nós tocamos, conseguimos ver as pessoas finalmente aproveitando. Fazer parte desse retorno é ser um pequeno pedaço dessa grande cura para o mundo, para as pessoas e para mim mesmo”, completa Pritchard, que divide o palco do evento com artistas como Gilberto Gil, Gorillaz, Rüfüs Du Sol, Two Door Cinema Club e Tom Misch.

O grupo comemora não só os 15 anos da estreia, mas também o retorno da conexão entre as pessoas por meio da música. “A música, o ritmo e a melodia, relembram algo que esquecemos. Que nós somos um só e com a música é possível chegar o mais perto possível desse sentimento de união”, acredita o vocalista. “Independente de você estar cantando pop, indie, ou qualquer outra coisa você sempre se conecta com algo mais profundo”, adiciona.

Após quase quatro anos, chegou a hora da conexão chegar ao Brasil, um país que afirmam ser diferente de todos os outros lugares nos quais tocam no mundo. “É um sentimento espetacular todo o calor que você recebe no país, nós falamos disso com frequência entre nós”, comenta Luke que também se recorda das primeiras visitas ao país, onde tocaram pela primeira vez em 2009. “Quando se vai ao Brasil, as primeiras vezes são meio estranhas, porque não é o lugar no qual a gente começou e em que fomos construindo a carreira de bar em bar. Quando você chega no Brasil, você já toca para milhares de pessoas de primeira”, lembra o artista. O sentimento viciou os músicos, que voltaram ao país mais seis vezes depois da primeira turnê em terras brasileiras. “Se os brasileiros gostam da gente, significa que eles têm um bom gosto musical”, brinca Luke.

O tempo passa, The Kooks permanece

Quando lançaram o Inside in / inside out, os membros do The Kooks eram adolescentes. O disco chegou em 2006 no auge da segunda onda da música indie, liderada por jovens britânicos. Junto com o The Kooks vinham nomes da magnitude de Arctic Monkeys e grupos que não conseguiram estourar a bolha da mesma forma como The Wombats e Kaiser Chiefs. A raiva jovem, a influência do emo e do pop punk fazem parte de uma cena na música que dominou o som do início dos anos 2000 no rock alternativo.

“Quando nós surgimos, todo mundo dizia que nós éramos os primos mais novos dos The Strokes”, relembra o vocalista. A banda americana dominava a cena desde 2001, mas o The Kooks começou só surgiu em 2004.

O cantor acredita que relembrar o início da carreira com o disco de estreia é entender a própria trajetória. “Nós fizemos um álbum excelente quando éramos adolescentes. Quão legal é isso!”, comemora Luke. “Por muitos anos, nós ficamos tentando fazer algo diferente, ainda mais que fizemos um álbum de estreia que foi gigante, até que nós conseguimos fazer esses sons e coisas diferentes. Porém, agora é hora de ser grato ao nosso passado, olhar para trás de forma divertida e sentir orgulho do lugar no qual a gente chegou devido a tudo isso”, acrescenta

Para o músico, o The Kooks conseguiu encontrar a essência que fez o grupo permanecer vivo e relevante até a atualidade. “Foi uma jornada maravilhosa até agora, nós conseguimos continuar com uma essência que a gente apenas apresenta de formas diferentes”, avalia o frontman. “Eu acho que é isso, podem haver idas e vindas, mas nós temos esse som que é nosso, está lá como um éter. Nós nunca fugimos muito disso, porque isso somos nós”, complementa.

“O que faz a gente fazer música do nosso jeito, por todo esse tempo, de forma apegada e contínua é estar confortável na própria pele com o que a gente é. Eu amo o que o The Kooks é e estou animado para onde a gente está indo”, explica Pritchard. Ele adianta que o lançamento 10 tracks to echo in the dark estará disponível nas plataformas a partir do dia 22 de julho de 2022. “Mesmo no novo álbum, que nós estamos gravando de forma diferente e trazendo novas características, no final, ainda é a essência do The Kooks, algo jovem e eufórico. Porém, acho que agora estamos um pouco menos emos, a gente tinha uma raiva que não temos mais”, diz em tom de piada.

Vendo os planos se concretizarem em um tempo que apenas profetizavam, agora os integrantes da banda pensam em um futuro ainda mais distante, talvez até na comemoração dos 30 anos do disco de estreia. “Eu não vejo o The Kooks parando, ainda vamos fazer muita música juntos, muitos álbuns bons. Então, realmente, pensando aqui, por que não? Acho que a gente consegue comemorar esses 30 anos juntos”, conclui.

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