Depois de 15 anos, desde o contato do diretor de cinema Renato Barbieri com reveladoras imagens de Hugo Santarém, o filme Pureza — baseado em partes da trabalhadora interiorana Pureza Lopes Loyola
— chega às telas de todo o Brasil, projetando a produção de cinema da capital. Por uma semana, Brasília serviu de cenário para a trama, que trata do desmantelamento de trabalho escravo no Brasil, enquanto seis semanas de filmagem foram investidas em Marabá (PA), representando desafios para a Gaya Filmes, parceira do projeto também encabeçado por Marcus Ligocki Jr. "Considero que o filme Pureza é um herdeiro de meu filme anterior, Uma loucura de mulher (2016), pelo conhecimento adquirido na realização de um filme de mesmo tipo de orçamento, com grande elenco e talentos nacionais e internacionais, além da distribuição nas salas de cinema e principais janelas de exibição do país", observa o produtor Marcus Ligocki do filme com Dira Paes.
Na experiência do diretor Renato Barbieri, destacado em documentários e filmes com apoio de temas urgentes, pelo que explica o produtor, foi possível alinhavar uma rede de 85 organizações apoiadoras, nacionais e internacionais. Todas atuantes no combate ao trabalho escravo. "Quisemos uma ficção empenhada na promoção de dignidade", simplifica.
O esboço de uma campanha contra o trabalho escravo impulsionado pela exibição de Pureza intensifica a gratidão de Ligocki pela associação ao projeto estrelado por Dira Paes. "O trabalho escravo é um mal que assola boa parte do mundo e está diretamente ligado ao racismo. O mundo já não aceita mais que essa realidade cruel seja naturalizada. Neste sentido, o fato do filme Pureza proporcionar uma experiência imersiva, capaz de fazer com que os espectadores se sintam na pele de trabalhadores escravizados, fez com que ele encontrasse portas abertas nos países interessados em debater o tema e atuar pela transformação da realidade", celebra o produtor.