O ensino da história e cultura africanas nas escolas é obrigatório desde 2008, no entanto, a realidade do Distrito Federal ainda é distante do marco e muitas escolas não cumprem a diretriz. Nos 134 anos da abolição da escravatura, iniciativas culturais entram nas escolas públicas na tentativa de combater o racismo e disseminar conhecimento acerca das ancestralidade negra do país, como é o caso do Corpitos.
A dança é o carro chefe do projeto do grupo Dois Corpos, que busca construir a identidade afro a partir da memória. Em nota, uma das criadoras, a pedagoga Fernanda Muniz, ressalta a necessidade de uma abordagem decolonial nas escolas.
“Insisto na urgência de decolonizarmos não só os documentos teóricos da educação, mas as práticas pedagógicas. Não desconstruir, mas reconstruir uma educação que caiba nossas histórias, nossas identidades, nossos corpos, nossos afetos. Uma educação que aflore consciências, curiosidade, autonomia, coletividade e respeito”, afirma em nota para imprensa.
O objetivo é ressaltar nos estudantes o reconhecimento histórico de seus próprios corpos, a partir do reencontro com suas heranças e raízes na dança. “É a prática de ecoar vozes e ocupar espaços que a gente criou esse projeto de dança para as crianças de escola pública, ao reconhecer que é ‘nois por nois’ e é preciso encontrar brechas para que o ensino afro adentre as escolas e cumpra seu papel decolonial”, explica a coordenadora do projeto Letícia Medeiros.
O Corpitos oferece oficinas no Centro de Dança do Distrito Federal, e já passou pelo Complexo Cultural da Samambaia, Espaço Mondé do Centro de Educação Infantil (CED) do Riacho Fundo I, CED 2 do Riacho Fundo 1 e o CED 1 do Itapoã, a Escola Janela. Atualmente, o projeto atua no Centro de Ensino Fundamental Telebrasilia, (Cetelb).